Claudia Raia recebeu diagnóstico com 50 anos - Reprodução/Instagram/Iude Rìchele
A atriz Claudia Raia, hoje com 58 anos, revelou recentemente que começou a sentir os efeitos da menopausa aos 50. Entre os sintomas que mais a impactaram, ela destacou as fortes mudanças de humor. Mas afinal: por que essas alterações acontecem? E existe uma forma realmente eficaz de lidar com isso?
Para entender esse momento tão delicado na vida de muitas mulheres, a CARAS Brasil conversou com o ginecologista Igor Padovesi, que explicou os efeitos físicos e emocionais que marcam a transição para a menopausa, uma fase que vai muito além dos famosos calores.
As mudanças de humor durante a menopausa afetam os relacionamentos?
Sim, e de forma bem significativa, segundo o especialista. Para o médico, não são raros os casos em que os sintomas impactam diretamente a qualidade de vida, a rotina e até a convivência familiar: "Para algumas mulheres, os sintomas como um todo da transição menopausal são muito impactantes para a qualidade de vida e para os relacionamentos", afirma Padovesi.
"Existe um espectro de sintomas, então nem todas as pacientes têm todos eles, algumas vão ter algumas de forma mais intensa do que outras. Mas as queixas de irritabilidade, ansiedade, sintomas depressivos são as mais comuns e podem ser bem intensas para as mulheres, afetando a convivência social e familiar, o trabalho, etc", acrescenta.
O que provoca essas emoções tão intensas na menopausa?
A explicação está na química do corpo. A oscilação hormonal, típica do período da perimenopausa (fase que antecede a menopausa), mexe com diversas áreas do organismo, especialmente com o cérebro e o equilíbrio emocional. "A questão psíquica da menopausa é geralmente um misto, principalmente com um fundo hormonal. É um período em que a mulher tem muitas oscilações hormonais", detalha o ginecologista.
"Até entrar na menopausa propriamente dita, a mulher passa por anos de perimenopausa em que acontecem muitas variações imprevisíveis e irregulares dos hormônios. Isso tem um claro efeito sobre a parte psíquica e a função cerebral, não só do humor, mas também do sono, da concentração, etc", completa.
Além das mudanças internas, o médico lembra que muitas mulheres enfrentam a menopausa enquanto também estão sobrecarregadas com o trabalho, filhos, vida doméstica e cuidados com os pais: "As mulheres hoje passam pela transição menopausal a partir dos 40, 45 anos e geralmente ainda são muito ativas no mercado de trabalho, são sobrecarregadas com isso, fora todas as outras demandas. Então, geralmente, a mulher é multitarefas, já lida com muitas questões, e ainda atravessa esse período de muita variação hormonal que tem um claro impacto na função psíquica", diz.
"A melhor comparação é com a síndrome pré-menstrual, que é um mecanismo biológico muito parecido de oscilações hormonais que impactam o humor e tem uma relação com sintomas de irritabilidade, ansiedade, depressão, etc. Então, na transição menopausal, isso pode ser exacerbado", reforça Padovesi.
Existe tratamento eficaz para os sintomas emocionais da menopausa?
Sim, e o segredo está no diagnóstico correto. Segundo o ginecologista, é comum que mulheres recebam antidepressivos, mesmo quando o ideal seria um tratamento hormonal. "Para aliviar essas mudanças sem a terapia hormonal, o tratamento padrão é com antidepressivos. Muitas mulheres acabam recebendo essa prescrição, principalmente porque passam por médicos que não fazem o diagnóstico, que não são atualizados sobre o assunto da menopausa, e tratam quadros de ansiedade, depressão, etc", explica.
"Os antidepressivos são comprovadamente eficazes para isso também, mas podem não melhorar por completo se a mulher não tiver um tratamento adequado de reposição hormonal. E algumas mulheres não aceitam bem e podem ter efeitos colaterais, como a piora da libido", alerta.
O tratamento mais eficaz, segundo ele, ainda é a reposição hormonal feita de forma segura e acompanhada por um especialista: "Então, o tratamento padrão para a grande maioria das mulheres, com raras exceções, é a reposição hormonal. Existe uma sobreposição também de sintomas que podem ser da menopausa e sintomas que podem ser de um quadro puramente psíquico, como de ansiedade, depressão", diz o médico.
"E normalmente, se a mulher não tem um quadro franco de transtorno de ansiedade generalizado, um quadro depressivo, normalmente a recomendação é ajustar a parte hormonal primeiro e depois, se sobrar algum sintoma, eventualmente complementar o tratamento com os antidepressivos", afirma.
Medidas naturais também ajudam?
Embora algumas práticas como meditação e atividade física possam oferecer alívio, o especialista ressalta que o impacto dessas medidas é limitado.
"Fora isso, tem medidas 'naturais', como atividade física, meditação, técnicas de relaxamento, respirações que podem ajudar, mas, na verdade, trazem uma ajuda relativamente pequena. O que inquestionavelmente tem maior impacto nessa questão é a terapia hormonal correta", finaliza.
Fonte: Caras
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