Ana Victória Silva dos Santos, de oito anos, foi morta pelo próprio pai a socos e pauladas. (Acervo da família)
A menina de oito anos morta pelo pai em Cariacica na última sexta-feira (11) por não ter feito uma tarefa escolar era diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A informação é do Conselho Tutelar do município, que atendeu o caso após a criança ter sido levada para o Pronto Atendimento de Alto Lage com dificuldades respiratórias e sinais de agressão. A morte foi confirmada no local.
De acordo com o conselheiro tutelar Marcos Paulo Fonseca, em entrevista à TV Gazeta, foram encontradas receitas de medicamentos que comprovam a condição da menina, durante busca a documentos na residência da família, após o crime.
À polícia, Welington Caio Silva Nogueira, de 28 anos, confessou que agrediu a filha, Ana Victória Silva dos Santos, porque ela não teria feito o dever de casa e porque ela estaria “bagunçando a casa e usando palavras ofensivas. Neste domingo (13), ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela Justiça.
A menina foi agredida durante dois dias, antes de morrer. O pai relatou à polícia que agrediu a filha com socos e pauladas, principalmente na região da costela e da cabeça, depois de ser chamado à escola da menina para conversar sobre o comportamento dela.
Também na manhã deste domingo, a avó paterna de Ana Victória chegou ao Espírito Santo para liberar o corpo da neta. A mulher, que não quis se identificar, veio de Itueta, no interior de Minas Gerais, cidade onde morava com a criança e o irmão gêmeo dela até o início deste ano.
Segundo a avó, a menina e o irmão se mudaram da casa dela para Cariacica para viver com o pai. A mãe das crianças havia perdido a guarda por conta de episódios anteriores de maus-tratos. Ela disse não entender como o filho, que ela descreveu como "um rapaz bom", pôde cometer um ato tão violento.
Entenda o caso
As agressões a Ana Victória Silva dos Santos começaram na noite de quinta-feira (10), na casa da família, em Itaquari. No dia seguinte, o pai da menina voltou a agredi-la com socos e golpes com pedaço de madeira, principalmente na região das costelas e da cabeça.
A criança apresentou dificuldade respiratória e foi levada pelo pai para o Pronto Atendimento de Alto Lage, em Cariacica. A vítima chegou desacordada na unidade e a morte foi atestada no local.
Ainda de acordo com a Polícia Militar, a madrasta da criança alegou que chegou a ouvir as agressões, mas que não interveio.
“Segundo ela [a madrasta], o pai levou a filha para o quarto após a criança ter recebido um bilhete de reclamação da escola, e ali ocorreram as agressões. Percebendo a gravidade da situação, ambos decidiram levá-la ao PA, onde foi atestado o óbito da menina. O Conselho Tutelar acionou os militares e, com apoio da viatura, deslocou-se até a residência do indivíduo. No local encontrava-se o outro filho do autor, também de 8 anos. Ele foi acolhido pelos conselheiros tutelares e encaminhado a um abrigo”, informou a polícia, em nota enviada à reportagem de A Gazeta.
Já segundo a Polícia Civil (PCES), o homem foi conduzido à Delegacia Regional de Cariacica, onde foi autuado em flagrante por homicídio qualificado contra pessoa menor de 14 anos e com aumento de pena pelo fato de ser o tutor da vítima. De lá, foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana, onde passou por audiência de custódia neste domingo, quando teve a prisão preventiva decretada.
A madrasta, por sua vez, foi ouvida e liberada, já que não foram encontrados elementos suficientes para realizar a prisão em flagrante, de acordo com a PC, também em nota.
Segundo a defesa da mulher, na delegacia, a madrasta da criança teria demonstrado "muito medo do companheiro, por isso não conseguiu intervir no momento das agressões". Também em nota enviada à reportagem, o advogado da mulher alegou que "o delegado, entendendo que ficou demonstrado que ela não agiu com conduta dolosa ou omissiva, a liberou". A defesa afirma que aguarda o andamento do processo e que se coloca à disposição da Justiça para esclarecer qualquer dúvida.
Irmão está em abrigo
Após o crime, o irmão gêmeo de Ana Victória foi levado para um abrigo na cidade. Ele aguarda os trâmites legais para a inserção em um ambiente familiar que seja mais seguro para ela. De acordo com Marcos Paulo Fonseca, conselheiro tutelar de Cariacica, o menino também era agredido pelo pai.
"O irmão está no serviço de acolhimento institucional. Foi uma medida de proteção e o mais certo a ser feito. A juíza vai pedir a Justiça de Minas para que seja feito todo um estudo social e técnico para saber em que ambiente essa criança vai poder ser inserida, já que os familiares que a gente tem contato são todos de Minas", destaca o conselheiro.
Fonte: A gazeta
PUBLICIDADE

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE