Vacina teve o efeito
esperado pelos pesquisadores nos primeiros estágios. Terceira fase dos testes
está ocorrendo no Brasil. É provável que seja necessário tomar uma segunda dose
da vacina.
Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino
Unido, anunciaram nesta segunda-feira (20) que, de acordo com resultados
preliminares, a vacina da universidade para a Covid-19 é segura e induziu
resposta imune no corpo dos voluntários. Os resultados, que já eram esperados
pelos pesquisadores, se referem às duas primeiras fases de testes da
imunização. A terceira fase está ocorrendo no
Brasil, entre outros países.
O
efeito deve ser reforçado após
uma segunda dose da vacina, segundo os cientistas.
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Entenda a novidade anunciada:
·
a vacina de Oxford é a mais
adiantada, das que estão em pesquisa, segundo a OMS. Ela está sendo testada também
no Brasil
·
testes iniciais, das fases 1 e 2,
realizadas na Inglaterra, agora apontam que ela é segura e induz o corpo a
reagir contra a Covid-19; o resultado é o esperado
·
o resultado não permite ainda
concluir se de fato uma pessoa exposta ao Sars-Cov-2 fica imune com a vacina
·
a fase 3, final, ainda está em
andamento e ela é que irá determinar se há eficácia num grande número de
pessoas
·
De acordo com a Unifesp, o
imunizante, se tudo der certo, poderá ter o registro liberado em junho de 2021
As
fases 1 e 2 dos testes, que foram conduzidas simultaneamente no Reino Unido,
tiveram 1.077 voluntários. Os ensaios mostraram que a vacina foi capaz de
induzir a resposta imune tanto por anticorpos como por células T até 56 dias
depois da administração da dose.
"Exatamente o tipo de
resposta imune que esperávamos", declarou Andrew Pollard, professor de
pediatria na Universidade de Oxford.
As fases 1 e 2 dos testes, que foram conduzidas
simultaneamente no Reino Unido, tiveram 1.077 voluntários. Os ensaios mostraram
que a vacina foi capaz de induzir a resposta imune tanto por anticorpos como
por células T até 56 dias depois da administração da dose.
"Exatamente
o tipo de resposta imune que esperávamos", declarou Andrew Pollard,
professor de pediatria na Universidade de Oxford.
A resposta imune foi medida em laboratório.
São necessários mais testes para confirmar se
a vacina protege efetivamente a população contra infecções pelo novo
coronavírus, explicou Pollard.
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Os
cientistas ainda não sabem, exatamente, o quanto de resposta imune é necessária
para combater a doença, lembrou o cientista.
Foi
vista uma resposta por células T (células do sistema imune capazes de
identificar e destruir outras células infectadas) 14 dias após a dose. Já os
anticorpos, capazes de destruir o próprio vírus, foram identificados 28 dias
após a administração da vacina.
Anticorpos
neutralizantes podem se conectar ao vírus assim que eles entram no corpo e
impedir que infectem as células. As células T não reconhecem o vírus
"sozinho", mas sim células infectadas com ele e destroem as células.
"Os dois sistemas funcionam de forma complementar para combater a infecção",
explicou a cientista Sarah Gilbert, de Oxford.
A vacinologista Sarah Gilbert, também de Oxford, explicou que a eficácia da
vacina ainda não foi testada em idosos.
Foram
divulgadas ainda algumas reações causadas pela vacina. As principais são braço
machucado, algum inchaço ao redor da injeção, febre, dores musculares, que são
esperadas para vacinas virais. Não houve efeito adverso sério ligado à vacina.
"Precisamos de uma amostra maior para determinar completamente a
segurança", explicou Andrew Pollard, sobre a necessidade dos estudos em
fase 3.
“A
nova vacina usa um vírus do resfriado comum (adenovírus) que infecta
chimpanzés, que foi enfraquecido para não causar nenhuma doença em humanos e é
geneticamente modificado para codificar a proteína spike (S) do Sars-CoV-2
(aquela que o coronavírus usa para invadir as células humanas). Isso significa
que, quando o adenovírus entra nas células das pessoas vacinadas, ele também
fornece o código genético da proteína S. Isso faz com que as células dessas
pessoas produzam a proteína S, e ajuda a ensinar o sistema imunológico a
reconhecer o vírus Sars-CoV-2", explicou Pollard.
Pesquisa adiantada
A vacina pode estar disponível para alguns grupos de risco no
Reino Unido até o fim do ano, mas provavelmente não estará para todos, afirmou
Sandy Douglas, de Oxford.
De
acordo com Soraia Smaili, reitora da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), o imunizante, se tudo der certo, poderá ter o registro liberado em
junho de 2021,
Ao
todo, 50 mil pessoas participam dos testes em todo o mundo, 10% delas no
Brasil: 2 mil em São Paulo, 2 mil na Bahia e outras 1 mil no Rio de Janeiro. O
Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Unifesp coordena
a aplicação da vacina em São Paulo, que começou em junho com voluntários da área
da saúde.
"Com
a quantidade de pessoas que estão recebendo a vacina no mundo, é possível que
tenhamos resultados promissores no início do ano que vem e o registro em
junho", afirma Soraia Smaili, reitora da Unifesp.
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) classificou a vacina de Oxford como a mais adiantada no mundo e, também,
a mais avançada em termos de desenvolvimento. Um dos centros que testa essa
vacina é coordenado por uma brasileira, a cientista Daniela Ferreira,
doutora pelo Instituto Butantan.
Roberto Medronho infectologista da UFRJ, em entrevista à
Globonews, afirmou que o resultado divulgado nesta segunda era esperado, mas
agora foi oficializado.
O
acordo com o Brasil permitirá que o país adapte a fábrica de Biomanguinhos para
produzir a vacina e disponibilizá-la depois da fase três dos ensaios clínicos.
"O acordo da Fundação
Oswaldo Cruz é benéfico para nós. Envolve não apenas os pacientes recrutados
para o teste, mas a transferência [de tecnologia]. Há um acordo para
reconfigurar a planta da Biomanguinhos para que depois da fase três ela possa
ser produzida", comentou.
A ideia de incluir a população brasileira se dá, também, para
testar a eficácia da vacina em um grupo etnicamente mais diverso.
A
vacina pode ter resultados de diferentes eficácias, de acordo com cada
população. Daí a importância de testar em vários países, afirmou Medronho.
Mais de 160 vacinas contra Covid em testes
De acordo com a OMS, há 163 vacinas sendo testadas contra o
coronavírus, sendo que 23 delas estão na fase clínica, que é o teste em
humanos. Os números são do balanço da organização com dados até 14 de julho.
O
vacinologista de Oxford Adrian Hill explicou que é difícil comparar a
efetividade das várias vacinas que estão sendo testadas, porque os parâmetros
não são os mesmos. "Gostaríamos de testar as outras vacinas no nosso laboratório",
disse Hill.
As
etapas de produção de uma vacina envolvem 3 fases:
Fase 1: avaliação preliminar com poucos voluntários adultos
monitorados de perto;
Fase 2: testes em centenas de participantes que indicam
informações sobre doses e horários que serão usados na fase 3. Pacientes são
escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados;
Fase
3: ensaio em larga escala (com milhares de
indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da eficácia/segurança
e prever eventos adversos; só então há um registro sanitário
Embora
os estudos avancem em todo o planeta, o prazo de 12 a 18 meses para liberação é
considerado um recorde. A vacina mais rápida já criada, a da caxumba, levou
pelo menos quatro anos para ficar pronta.
Outra
hipótese contra a qual todos os pesquisadores lutam é a de que uma vacina
efetiva e segura nunca seja encontrada. O vírus do HIV, que causa a Aids, é
conhecido há cerca de 30 anos, mas suas constantes mutações nunca permitiram
uma vacina.
Jamal
Suleiman, infectologista do Instituto Emílio Ribas, explica, em entrevista à
Globonews, que a produção de vacinas acontece ao mesmo tempo em que os estudos
se desenvolvem pela primeira vez na história.
O
risco é de um prejuízo financeiro caso o ensaio clínico mostre que a vacina não
é eficaz para proteger contra o Sars-Cov-2.
Os
efeitos da vacina nunca vão deixar de ser observados, mesmo depois de um
eventual uso em massa, explica Suleiman.
Os
outros estudos que acontecem agora também não são desperdiçados, ele afirmou.
"É
importante termos vários modelos de vacinas. Um produto pode ser melhor para
vários tipos de situação se atingir o maior número possível de pessoas, mas uma
vacina não esgota o repertório. Provavelmente, alguns grupos populacionais não
serão beneficiados por esse produto, mas, talvez, por outro", disse ele.
FONTE: G1 .COM
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