Registro mostra diversos indivíduos amontoados em teia coletiva Foto: reprodução
O vídeo de uma "chuva de aranhas" viralizou nas redes sociais ao mostrar diversos aracnídeos organizado em uma teia gigante, na zona rural do município de São Thomé das Letras, em Minas Gerais. O fenômeno, segundo explicou um especialista nesta semana, não se trata de uma "precipitação" do animal, mas sim de um comportamento comum da espécie Parawixia bistriata.
O registro foi compartilhado nas redes sociais pela usuária Bruna Naomí, em dezembro de 2024, ao flagrar a cena ao retornar de uma ida ao mercado na localidade. Desde que foi compartilhada, a gravação acumula mais de 11,5 mil curtidas. (Assista abaixo)
Veja a 'chuva de aranhas'
Com a repercussão, o coordenador da Divisão de Artrópodes do Instituto Vital Brazil, Cláudio Maurício Vieira, fez um vídeo, na última segunda-feira (3), em que explica que, apesar de parecer, o fenômeno não é uma "chuva de aranha".
"Elas não estão chovendo, não estão caindo das nuvens. Na verdade, estão em uma enorme teia, uma grande quantidade de aranhas, e alguns grupos de aranhas fazem isso. Às vezes elas vivem numa teia grande como essa de forma coletiva durante todo o ano, e outras vezes elas fazem essas teias de tempos em tempos." Cláudio Maurício Vieira Coord. da Divisão de Artrópodes do Instituto Vital Brazil
Ainda conforme o especialista, o comportamento seria uma tática para capturar presas ou facilitar o acasalamento. "Na maioria dos casos, é para capturar uma grande quantidade de alimento, ou então para facilitar o seu processo de reprodução", acrescentou.
Conheça a Parawixia bistriata
A Parawixia bistriata é um tipo de aranha construtora de teias orbiculares, da família Araneidae, que pode ser encontrada em áreas abertas de Cerrado no Brasil, conforme detalha o pesquisador Adilson Quero Junior, na dissertação de mestrado em Biologia sobre os hábitos de caça da espécie, pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
"Os imaturos constroem teias orbiculares individuais, geralmente após o pôr do sol, a partir de fios de suporte construídos e mantidos por vários indivíduos da colônia."
Conforme o estudo, como cada aranha defende a própria teia como território, podem acontecer conflitos quando há falta de espaço para novas teias. "Como as teias individuais estão interconectadas e sinais vibratórios de presas interceptadas propagam-se entre teias, a estrutura coletiva permite a ocorrência de capturas cooperativas e imobilização de presas de grande porte", detalha.