BBB 25: Vitória Strada confessa que pediu em oração para que conseguisse ir no banheiro
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Participante do BBB 25, a atriz Vitória Strada compartilhou com os colegas de confinamento a angústia ao ficar quase duas semanas sem fazer cocô. A dificuldade para ir ao banheiro pode acontecer por diferentes fatores, como desidratação, dieta e até mesmo o ambiente externo. Ficar "enfezado" representa riscos à saúde?
Quais os efeitos da constipação intestinal no organismo?
Longos períodos sem evacuar podem impactar diretamente na qualidade de vida. A retenção das fezes pode causar cólicas, distensão (inchaço) local, náuseas e perda do apetite, além de pressões e dores anais.
O humor também pode ser diretamente impactado pela dificuldade em fazer cocô. Quando as fezes ficam paradas, elas afetam o trânsito intestinal e a população de bactérias no órgão. Esse desequilíbrio pode provocar irritação, já que o intestino é repleto de neurônios e 95% da serotonina —neurotransmissor que tem várias funções no corpo, incluindo a regulação do humor— é produzida no órgão.
Em casos mais graves, o quadro pode evoluir para o fecaloma. Neste cenário, o endurecimento das fezes causado pelo ressecamento do bolo fecal causa uma compactação do cocô e bloqueia o trânsito pelo reto, provocando desconforto intenso. Nos casos de fecaloma, a evacuação não acontece mais de forma natural, sendo necessária avaliação médica, geralmente realizada por um proctologista.
Casos de constipação crônica podem provocar danos a longo prazo. A passagem de fezes duras ou volumosas pode provocar o aparecimento de pequenos cortes na pele que reveste o ânus, conhecidos como fissuras, que podem gerar dor intensa e sangramentos. O tratamento para as fissuras pode ser feito com medicamentos, cremes específicos, supositórios, banho de assento e higiene reforçada. É fundamental ter o acompanhamento médico nestes casos.
Além das fissuras, as hemorroidas também podem ser resultado de episódios de constipação. O esforço e o aumento da pressão durante as idas ao banheiro podem resultar na dilatação das veias da região anal ou do reto, causando ou agravando as hemorroidas. É comum o aparecimento de dor intensa, coceira em volta do ânus e inchaço local, sintomas que podem passar em alguns dias. No entanto, casos mais graves de hemorroidas podem exigir cirurgias.
O uso de laxantes não deve ser feito sem prescrição médica. Existem diferentes tipos de remédios desta classe. Portanto, é importante que o profissional de saúde verifique qual deles melhor se encaixa em cada situação.
O que é a prisão de ventre?
Também conhecida como intestino preso, é caracterizada por menos de três evacuações por semana. Além da frequência, volume repetidamente diminuído, muito esforço para fazer cocô, presença de dores e/ou fezes de calibre fino e endurecidas podem indicar a prisão de ventre. É considerado normal evacuar entre três vezes ao dia e três vezes na semana, sendo que a sensação deve ser de evacuação completa, ou seja, que o cocô foi totalmente eliminado.
É importante ressaltar que estresses e mudanças no ambiente podem impactar o funcionamento do intestino. Dificuldades passageiras para fazer cocô, como durante viagens ou quando você não se sente confortável no local, são comuns e tendem a passar quando as circunstâncias se normalizam. Neste caso, o quadro se chama constipação aguda.
Quando a dificuldade de evacuação se estende por cerca de 30 dias, ela é definida como constipação crônica. O quadro pode começar de forma sutil e persistir por meses ou anos. Por isso, é importante notar eventuais mudanças no padrão de idas ao banheiro, além de eventuais sintomas como dores antes, durante ou depois de evacuar. Há, ainda, a chamada "constipação funcional". Com maior incidência entre as mulheres, são os casos em que não se identifica uma origem física para a enfermidade.
Os sintomas da constipação variam de pessoa para pessoa, podendo incluir cólicas e inchaço local Imagem: Getty Images
As mudanças da normalidade intestinal são multifatoriais. Alterações no trato gastrointestinal, no sistema nervoso ou nos músculos da pélvis são os principais responsáveis pela constipação.
Hábitos alimentares e sedentarismo também podem contribuir para o quadro. Uma dieta pobre em fibras e o consumo reduzido de água são fatores de risco, assim como disfunções hormonais (como hipotireoidismo e diabete) não controladas e o costume de segurar o cocô repetidamente.Problemas neurogênicos que afetam a musculatura do intestino e o uso de medicamentos que podem reduzir os movimentos intestinais, como antidepressivos, analgésicos como opioides, medicações com cálcio e anticolinérgicos podem prejudicar o devido funcionamento do sistema digestivo.
Cerca de 12% da população mundial apresenta queixa de constipação. Em relação aos europeus, a população das Américas sofre duas vezes mais com o problema e cerca de 30% a 40% das pessoas com 65 anos ou mais citam a constipação como um incômodo. As gestantes são mais suscetíveis, seja pelo aumento do peso, pela maior pressão na região, ou pelo perfil hormonal, que favorece a constipação e a piora do problema.
Independentemente do diagnóstico, é importante adotar hábitos saudáveis. Os pacientes com quadros de constipação recebem orientações sobre dieta, hidratação e atividade física, bem como estratégias para estabelecer uma nova rotina evacuatória. Medicamentos naturais à base de fibra também podem ser úteis e poderão ser de uso contínuo. O acompanhamento por nutricionista também pode ser adotado pelos pacientes.
Fontes: Joaquim Prado P. Moraes Filho, médico formado pela PUC, professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo com pós-doutorado na Universidade de Londres; Sandra Beatriz Marion, médica e professora adjunta de gastroenterologia PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); e Fábio Porto, neurologista e especialista em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, com doutorado conjunto por Harvard e pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Fonte: Viva Bem Uol