Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Segundo fontes internas da organização, os brasileiros que fugiram para o exterior seriam perseguidos por ‘crimes políticos’
A Interpol não incluiu os envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023 que fugiram para o exterior na chamada lista vermelha. A recusa se deu mesmo depois de um pedido formal do Judiciário brasileiro.
Segundo fontes internas da Interpol, que preferiram se manter anônimas, os nomes dos brasileiros processados ou condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por participação nos atos do dia 8 de janeiro dificilmente serão incluídos na lista.
Isso seria praticamente impossível, porque há um entendimento interno da Interpol de que esses seriam “crimes políticos”, que não são de competência da organização. Além disso, as modalidades dos processos dos envolvidos no 8 de janeiro também são alvo de fortes questionamentos internos por parte da Interpol.
Em maio deste ano, a PGR (Procuradoria-Geral da República) acionou a Interpol contra os envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro que deixaram o Brasil. Entretanto, até o fechamento desta reportagem, os nomes dessas pessoas não foram incluídos na lista vermelha, conforme aparece no próprio site da Interpol. A Procuradoria agiu depois de pedido do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Atualmente, há 51 brasileiros cuja inserção na lista vermelha foi requerida pelas autoridades brasileiras. Outros 31 brasileiros são procurados por outros países e também têm seus nomes incluídos na lista. Todos eles são acusados de crimes comuns, de homicídios até fraudes com cartão de crédito. Nenhum deles é acusado de envolvimento com os atos do dia 8 de janeiro.
A negativa irritou tanto Moraes quanto Flávio Dino, o ministro comunista do também Tribunal.
Em maio de 2024, o Partido dos Trabalhadores (PT) chegou a divulgar a notícia falsa sobre 51 manifestantes que seriam procurados pela Interpol.
Como a Revista Oeste mostrou em uma reportagem da edição 229, há cerca de 400 brasileiros envolvidos no 8 de janeiro exilados na Argentina neste momento.
A CONARE (Comissão Nacional para os Refugiados) da Argentina concedeu a todos eles proteção temporária, garantindo a permanência em território argentino e o anonimato durante a análise de seus casos. A motivação indicada pelas autoridades argentinas nos documentos foi “perseguição política”.
Algumas dessas pessoas já começaram a receber asilo político definitivo, o que lhes deu o status de refugiados políticos no país vizinho.