Foto: Ricardo Stuckert / PR
Presidente brasileiro discursou na Cúpula do Futuro, em Nova York, defende fim da fome mas omite incêndios no Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste domingo, 22/9, na Cúpula do Futuro, promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York (EUA), que o mundo não pode voltar a conviver com ameaças nucleares nem recuar na promoção da igualdade de gênero e luta contra o racismo. O presidente acabou tendo a fala cortada porque estourou o tempo de 5 minutos dado aos oradores do evento. Ele não fala das queimadas na Amazônia, Cerrado ou Pantanal nem da acusação de assédio sexual de um ministro dos Direitos Humanos.
“Temos duas responsabilidades perante os que nos sucederão: nunca retroceder, não podemos recuar na promoção da igualdade de gênero e todas as formas de discriminação. Tampouco podemos voltar a viver com a ameaça nuclear“, afirmou.
“Naturalizar a fome de 733 milhões seria vergonhoso. Voltar atrás é colocar em xeque tudo que construímos arduamente“, seguiu Lula.
O presidente ainda citou o Pacto para o Futuro, documento a ser assinado pelos líderes mundiais na cidade norte-americana, aponta uma direção a seguir, mas que falta “ambição e ousadia” para que a entidade consiga cumprir seu papel.
Lula também criticou o Conselho de Segurança da ONU, afirmando que a legitimidade do órgão encolhe “cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”. O presidente brasileiro lembrou que esteve na ONU, há 20 anos, e ressaltou a necessidade de reformas no organismo internacional.
Na opinião dele, houve pouco avanço na agenda multilateral de reforma do sistema ONU nos últimos 20 anos e citou como medidas positivas a Comissão para Consolidação da Paz, criada em 2005 e o Conselho dos Direitos Humanos, criado em 2006.
Ele ainda alertou que os objetivos de desenvolvimento sustentável, mesmo tendo sido o maior “empreendimento diplomático dos últimos anos”, caminham para se tornarem o “nosso maior fracasso coletivo”.
“No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo. Na presidência do G20, O Brasil lançará uma aliança global contra fome e a pobreza, para acelerar a superação desses flagelos”, discursou.
Lula disse ainda que, mantido o ritmo atual, os níveis de redução de emissão de gases de efeito estufa e de financiamento climático serão insuficientes para manter o planeta seguro. “Em parceria com o secretário-geral [da ONU, António Guterres], como preparação para a COP30, vamos trabalhar para um balanço ético global, reunindo diversos setores da sociedade civil para pensar a ação climática sob o prisma de justiça, da equidade e da solidariedade”, continuou.
No discurso, Lula tocou em assuntos sobre direitos humanos, pontuando que o mundo tem como responsabilidade não retroceder na agenda de direitos humanos e de promoção da paz. Não citou que o ministro da pasta no Brasil é acusado de assédio sexual.
“Não podemos recuar na promoção da igualdade de gênero, nem na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação. Tampouco podemos voltar a conviver com ameaças nucleares. É inaceitável regredir a um mundo dividido em fronteiras ideológicas ou zonas de influência. Naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas seria vergonhoso. Voltar atrás em nossos compromissos é colocar em xeque tudo o que construímos tão arduamente”, afirmou.
Assembleia Geral
Na terça-feira, 24, o presidente fará o tradicional discurso de abertura na Assembleia Geral das Nações Unidas. Por tradição, desde a 10ª sessão da cúpula, o presidente do Brasil é sempre o primeiro país a discursar.
A Assembleia Geral das Nações Unidas é um dos principais órgãos da ONU e reúne os 193 estados que fazem parte da organização, com cada nação tendo o direito a um voto. Para o Brasil, a abertura do Debate Geral da assembleia permite apresentar as prioridades do país, tanto internamente quanto internacionalmente.
Fonte: Terra
PUBLICIDADE