Combinação de calor e seca agrava os incêndios que têm deixado cinza o horizonte em várias partes do país — Foto: Reprodução/TV Globo
Basta olhar para o céu em meio à seca histórica que vive o país e a faixa cinza no horizonte logo desperta um alerta para a má qualidade do ar. E a preocupação com os efeitos da poluição também invade as casas brasileiras: "Como melhorar a qualidade do ar em casa?" foi a pergunta mais buscada no Google envolvendo o tema entre os dias 1 e 10 de setembro.
Isso é o que mostra um levantamento exclusivo realizado pelo Google Trends a pedido do g1. O Brasil foi o sexto país que mais procurou sobre índice de qualidade do ar no período, segundo a análise.
Antes de responder essa pergunta, é preciso lembrar que a qualidade do ar envolve ao menos dois fatores importantes:
Umidade relativa do ar - de maneira resumida, é a quantidade de água na forma de vapor existe na atmosfera. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que índices inferiores a 60% já são considerados inadequados para a saúde humana;
Concentração de poluentes - processos industriais, geração de energia, meios de transportes e queimadas são algumas das principais fontes de emissão de poluentes na atmosfera. Quanto mais seco o tempo, mais concentrados nas camadas baixas esses poluentes ficam (o que piora consideravelmente a qualidade do ar).
Com a sequência extensa de dias sem chuva e a fumaça das queimadas se espalhando por quase todo o país, é fato que a qualidade do ar no Brasil está muito ruim.
E, apesar do ar de dentro dos ambientes muitas vezes parecer mais puro, segundo especialistas, a qualidade do ar dentro de casa é muito semelhante ao da parte externa.
"O que está acontecendo na parte de fora vai automaticamente vir para dentro de casa também, porque é muito difícil isolar totalmente os ambientes. Então, o ar que você respira fora, você também respira dentro", analisa o pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Carlos Roberto Carvalho.
Eduardo Algranti, pneumologista e coordenador da Comissão Científica de Doenças Respiratórias Ambientais e Ocupacionais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), pondera que, a única vantagem dos ambientes internos é que a circulação dos ventos é muito menor.
Isso impede que as partículas de sujeira continuem constantemente em suspensão.
"Como tem menos corrente de ar, a deposição das partículas é mais rápida e, provavelmente, a quantidade de material particulado é menor", afirma Algranti.
Nesta reportagem, os pneumologistas explicam se é possível melhorar a qualidade do ar dentro de casa e dão dicas para amenizar os efeitos do tempo seco.
Umidade e poluição
Ainda que dentro de casa as partículas se sedimentem com mais facilidade, o que tornaria o ar um pouco melhor, Eduardo Algranti alerta que a qualidade do ar não é saudável considerando o momento em que vivemos.
Carlos Carvalho também comenta que é quase impossível tomar medidas efetivas contra o material particulado disperso no ar.
"Você mudar o ar dentro de casa é muito complicado. Não tem como ter uma filtragem tão ampla e adequada para ter um sucesso nesse tipo de situação", comenta.
Os especialistas recomendam que para melhorar a qualidade do ar dentro de casa, o mais válido é investir em medidas que aumentem a umidade do ambiente.
Veja abaixo 5 dicas que podem ajudar a respirar melhor em casa:
1. Manter janelas e portas fechadas
Para evitar grandes trocas de ar com o ambiente externo, os pneumologistas recomendam a manutenção da casa fechada pela maior parte do dia possível.
Além disso, caso haja, priorizar a abertura de janelas voltadas para ambientes menos poluídos, como locais arborizados ou quintais.
"Se a pessoa morar em uma casa que estiver de frente para uma avenida movimentada, por exemplo, o recomendado é não abrir as janelas", recomenda Carvalho.
O uso de panos para vedar frestas de portas e janelas maiores, que não fecham por completo, também são uma boa opção.
2. Usar toalhas e baldes com água
Para aumentar o nível de umidade dos ambientes, outra boa estratégia é pendurar toalhas molhadas pela casa. Além de contribuir para a deposição de parte do material particulado, a evaporação da água da tolha vai tornar o local mais úmido.
É importante que, toda vez que a tolha seque, ela seja substituída ou molhada novamente.
A colocação de grandes bacias com água na casa também produz o mesmo efeito e pode ser uma alternativa.
3. Usar umidificadores de ar
Também com o objetivo de aumentar o nível de umidade da casa, os umidificadores podem ser um bom aliado. Eles liberam um fino vapor de água no ambiente, por meio da quebra de moléculas de água no reservatório.
Os especialistas recomendam que o uso seja feito somente em dias com umidade do ar muito baixa, para que não sejam geradas condições favoráveis para formação de mofo.
4. Optar pelo ar-condicionado
Ainda na linha dos aparelhos que podem ajudar, o ar-condicionado também entra nessa lista. Além de refrescar o ambiente, o aparelho na maioria das vezes conta com a opção de recirculação interna do ar.
Essa função faz com que o ar circule no ambiente sem trazer ar de fora, que tende a estar mais poluído.
Os especialistas apenas alertam que, apesar dessa boa opção e também dos sistemas de filtragem do aparelho, a tendência é que ele retire umidade do ar, o que resseca ainda mais o ambiente e pode ser prejudicial.
5. Limpar regularmente os ambientes
A limpeza regular da casa pode não ter relação com a melhora da qualidade do ar, mas tem um papel importante nesse processo.
Isso porque ela evita que o material particulado se acumule nas superfícies e eventualmente volte a se suspender à medida que as pessoas passam nos ambientes, por exemplo.
A recomendação é que se use aspiradores e panos úmidos para retirar o excesso de sujeira da casa.
Fonte G1 Globo