terça-feira, 30 de julho de 2024

A (falta de) visão não impede Rebeca Andrade de brilhar



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Foto por Naomi Baker/Getty Images


Para um atleta de alto rendimento, ter uma visão clara dos objetivos e desafios é fundamental para alcançar os resultados. No caso da ginasta brasileira Rebeca Andrade é literalmente a falta de visão que a leva mais longe – e que pode transformá-la na maior medalhista da história do Brasil nos Jogos Olímpicos Paris 2024.

Em entrevista à revista Marie Claire, a atleta comentou que possui alto grau de miopia em um olho (pelo menos 2,5) e de astigmatismo em outro (acima de 2 graus). Ela ignora os números exatos e abdica até mesmo das lentes de contato durante os treinamentos. Tudo para encarar um ‘medo inexplicável’ em sua rotina nos aparelhos.

“O medo é mais durante o treinamento, de cometer um erro, cair da trave, da paralela e se machucar. Faz tempo que isso não acontece, mas, quando sentia que me incomodava a ponto de me atrapalhar nos treinos, conversava com minha psicóloga e tentava me acalmar. Fazia exercícios de respiração, passava a série na cabeça antes. Hoje em dia tenho muito mais facilidade, respiro fundo e vou”.

Rebeca Andrade, portanto, passou a confiar em seus instintos. Acostumou-se a fazer as séries com a visão turva e utiliza outros recursos para conseguir a melhor execução. No salto, prova em que é atual campeã Olímpica, conta as passadas antes de chegar no trampolim. Na trave, também costuma medir pelos passos que dá.

“Dá para errar, mas não seria por não enxergar”, minimiza.

Até porque a falta de visão não a impede de vislumbrar recordes pela frente. Dona de um ouro no salto e de uma prata no individual geral em Tóquio 2020, ela chega à capital francesa cotada a múltiplas medalhas. Caso conquiste mais quatro (algo difícil, mas não impossível), chegará a seis e se tornará a maior medalhista do Brasil na história dos Jogos Olímpicos, ultrapassando os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael.

Problema de visão coincide com período mais vitorioso da carreira de Rebeca Andrade

A ginasta descobriu os problemas de visão ainda nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 ao não conseguir enxergar o que estava escrito no telão do ginásio. Mesmo assim, Rebeca Andrade voltou para casa com duas medalhas Olímpicas na bagagem e não parou mais de acumular feitos nos anos seguintes.

Em três edições do Mundial de Ginástica Artística (2021, 2022 e 2023) conquistou nada menos do que nove pódios, incluindo o bicampeonato mundial no salto (2021 e 2023) e as inéditas medalhas de ouro no individual geral (2022) e de prata na disputa por equipes (2023). Nos Jogos Pan-Americanos 2023, conquistou mais dois ouros, encerrando tabu de 16 anos para o Brasil na modalidade.

Foi também um período em que finalmente se viu livre de lesões. Antes de Tóquio 2020, por exemplo, ela sofreu três rupturas do ligamento cruzado anterior no joelho em 2015, 2017 e 2019 – uma lesão cuja recuperação média leva de seis a nove meses.

“Tenho total liberdade para conversar com o Chico [Porath, treinador] e ele sabe que quando estou com dor, eu falo para ele: ‘hoje está muito difícil, tudo bem adiarmos esse treino, fazermos um mais leve?’, porque ele sabe que no dia seguinte vou chegar na academia e dar o meu melhor”, explicou ao Olympics.com sobre a mudança de abordagem nos treinos.

Fonte Olympics


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