Baiano de Feira de Santana, Matheus Hava conta como virou estrela da moda
Ser modelo sempre foi o sonho do jovem Matheus Hava, de Feira de Santana, na Bahia. O ex-vendedor de acarajé só não imaginava chegar ao mercado internacional com menos de cinco anos de carreira.
Descoberto em 2021 após ser aceito por uma agência, o modelo de 27 anos já trabalhou com diversas marcas como Armani, Missoni e Champion. Seu trabalho de destaque mais recente é a campanha da Versace para o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, em parceria com a Elton John AIDS Foundation.
"Geralmente demora mais para essas coisas acontecerem, mas eu sempre fui muito focado, sempre corri atrás e as coisas foram tomando grandes proporções", conta Hava em entrevista ao g1.
"Eu esperava uma carreira internacional de sucesso, mas eu não achava que as coisas iriam acontecer em um período tão curto de tempo, entendeu?", diz Matheus
Sua primeira tentativa foi em 2017, quando se mudou da cidade em que morava, a cerca de 100 km de Salvador, para a capital do Rio de Janeiro. À época, ele buscou agências, mas não conseguiu uma boa empresa e acabou desistindo.
Fez o que era possível, então, para garantir o seu sustento. Com a família, Hava já tinha vendido acarajé nas ruas da cidade onde cresceu, e não pensou duas vezes em retomar o trabalho, voltou a ser vendedor nas ruas cariocas, vendia de bolo de pote a sacolé — conhecido como “geladinho” na Bahia.
Seguiu assim até a pandemia, quando viu seu trabalho ser impactado e decidiu despertar o sonho adormecido de ingressar no mercado da moda. Hava compartilhou o passo-a-passo com o g1: fez fotos amadoras em casa, enviou para sites de agências do Brasil e exterior e, dessa vez, colheu os frutos. Ele ingressou no casting da brasileira Way Model.
A partir disso, Hava estampou campanhas publicitárias, editoriais de moda e desfiles internos para marcas. Viveu em Berlim, na Alemanha; em Milão, na Itália; e atualmente mora em Londres, na Inglaterra.
"Quando eu comecei a modelar, não dava para conciliar os dois [carreira de modelo e a venda de lanches], aí eu falei: 'Tenho que seguir meu sonho'. Eu modelei no Brasil por quatro, cinco meses e aí eu decidi vir para Europa (...), fui de porta em porta nas agências", lembra.
Editorial do modelo baiana Matheus Hava para a Flannels, em Londres — Foto: Editoria para Flannels/Enviada ao g1
Pró-atividade e autogestão aprendidas em casa
A postura pró-ativa que Hava descreve remete a seu passado em uma família empreendedora. Foi com a mãe que ele começou a vender acarajé em Feira de Santana.
Hava destaca que, durante toda infância e adolescência, teve a rotina dividida entre estudar e ajudar a família no tabuleiro do quitute baiano.
"Nunca nos faltou nada, graças a Deus, mas era uma infância muito humilde. Minha mãe e meu pai sempre me ajudaram a fazer o suor, deram de tudo pra não deixar faltar nada para mim e para meu irmão".
Para ele, toda essa experiência foi fundamental para que hoje pudesse assumir o controle de sua carreira. Hava afirma que tem agências para cuidar de ações pontuais nos países em que trabalha, mas, há pouco mais de um ano, ele assumiu a gestão geral dos projetos.
Assim, o baiano já reconhecido pelo trabalho diante das lentes se aprimora também na dinâmica dos bastidores da moda.
Matheus Hava assumiu a gestão da própria carreira —
Foto: Arquivo pessoal
Fonte G1