Quando é ‘tarde’ para perder a virgindade? Veja relatos de quem iniciou a vida sexual após os 20 anos — Foto: Unsplash
“American Pie”, “O Virgem de 40 Anos”, “Show de Vizinha” e o mais recente “Que Horas Eu te Pego” são apenas alguns dos filmes que retratam, de maneira estereotipada, uma pessoa virgem. Em quase todos os cenários, tratam-se de personagens tímidos, com poucos ou nenhum amigo, escassa vida social e, é claro, usam óculos de grau.
Segundo a especialista em sexualidade Isabela Cerqueira, o fato de ridicularizarem – seja na ficção ou na vida real – um assunto tão importante “acabou se criando a ideia de que ser virgem era algo errado, para se ter vergonha”. Afinal, atire a primeira camisinha quem nunca mentiu sobre a idade em que perdeu a virgindade!
Bem... Beatriz, uma das participantes do BBB 24, não se enquadra neste grupo. A sister de 23 anos revelou ser virgem “por escolha e não falta de oportunidade” e trata o assunto com leveza. “Sou muito assim, falante e tudo, mas não conheci ninguém que me interessasse para namorar. Me sinto uma joia preciosa e engraçada ao mesmo tempo”, brincou ela em sua apresentação no reality.
E Bia não está sozinha! Uma pesquisa da empresa norte-americana Viacom mostrou que 38% dos adultos do mundo inteiro, entre 18 e 24 anos, são virgens. Aqueles com 25 a 29 anos formam 18%, a turma dos 30 anos representa 9% e os quarentões somam 6%.
Dentre estas porcentagens estão nossas três entrevistadas que iniciaram a vida sexual após os 24 anos, também por escolha própria.
‘Cada um tem seu próprio tempo’
Para Isabela Cerqueira, o pensamento de que existe uma idade certa para se perder a virgindade é coisa do passado. Ela acredita que o assunto está deixando de ser um tabu e fazendo parte do diálogo da nova geração de uma forma mais “positiva e saudável”.
“Estamos normalizando cada um ter o seu próprio tempo, conhecer o seu próprio corpo, deixar um pouco de lado as pressões sociais e viver a sua realidade pessoal, ao invés da realidade de um todo”, diz a especialista em sexualidade.
Prova disso é Michelly Espíndola, de 32 anos, que perdeu a virgindade aos 27 anos. Apesar de ter sentido uma autocobrança em certos momentos e enfrentado o estranhamento de outras pessoas devido às suas escolhas, ela conta que sempre ponderou sobre o assunto e isso a livrou de possíveis arrependimentos:
Entre 23 e 25 anos, eu me cobrava pensando ‘será que eu faço [sexo] com esse agora, depois de ter esperado tanto tempo para ter uma relação legal? Ou será que eu não faço mais?’ Com 27 anos, eu estava querendo mesmo encontrar alguém legal para tentar, mas de novo pensava ‘será que vai valer a pena com esse, será que é isso que eu quero ter guardado para mim?’ E não era cobrança familiar ou de amigos, era minha mesmo!”
Laryssa Gomes, de 34 anos, também planejava que o momento fosse especial e bem planejado. Mas, aos 29 anos, cedeu às pressões externas porque começou a achar que estava “velha” demais para ser virgem e, por vergonha, diz que uniu “o útil ao agradável”:
“Fui criada dentro da igreja e, para mim, sexo era só depois do casamento. Saí da igreja e queria, pelo menos, que fosse com um namorado. Acabou sendo com um amigo que saí para tomar uma cerveja e rolou, muito por me sentir pressionada de estar ‘velha’ e ainda não ter acontecido. Não foi nada como planejei, nada especial, mas ele era uma pessoa em quem eu confiava e sabia que iria me sentir confortável naquele momento.”
Quando é ‘tarde’ para perder a virgindade? Veja relatos de quem iniciou a vida sexual após os 20 anos — Foto: Unsplash
Seja por falta de espaço para discutir o assunto, desinformações, pensamentos machistas e glamourização do ato sexual, a especialista opina que há “muito pouco sobre educação sexual sendo ensinada no país” e que abordar pautas como esta em um reality show de grande audiência ajuda a quebrar mitos, a diminuir julgamentos e preconceitos.
“Quanto mais pautas como essa sendo levantadas, mais relevantes ficam... Óbvio que com profissionais e pessoas responsáveis discutindo o assunto. E acredito que isso possa ter um impacto positivo na população, tanto sobre julgamentos para as pessoas que já perderam a virgindade ou para aquelas que querem esperar o momento correto e até aquelas que não desejam ter esse contato sexual, trazendo pontos de vista diferentes", pontua Isabela.