Cinco policiais militares suspeitos de integrar um grupo miliciano na cidade de Feira de Santana, a 100 km de Salvador, e em municípios vizinhos, foram suspensos de atividades públicas. As suspensões fazem parte da operação Hybris, deflagrada nesta terça-feira (9) pela Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público da Bahia (MP-BA), Força Correcional Integrada e a Corregedoria da Polícia Militar.
De acordo com a Polícia Federal (PF), o grupo é investigado por lavar dinheiro do jogo do bicho, agiotagem, extorsão e receptação qualificada.
A Operação Hybris é um desdobramento da Él Patron, que foi deflagrada no ano passado e investigou o deputado Binho Galinha. Na ocasião, três PMS foram presos. Esses policiais não são os mesmos que tiveram as suspensões das atividades nesta terça-feira. A PF não especificou quem foi preso, nem as circunstâncias da prisão.
Durante a operação, foram cumpridos:
um mandado prisão preventiva;
17 mandados de busca e apreensão;
bloqueio de aproximadamente R$ 4 milhões das contas bancárias dos investigados;
suspensão de atividades econômicas de uma empresa, que não teve o nome divulgado.
Desdobramento de operação
A Operação Hybris é um desdobramento da El Patrón, deflagrada em dezembro do ano passado. Na ocasião, seis pessoas foram presas preventivamente e 35 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, em Feira de Santana, por suspeita de formarem um uma milícia responsável por lavagem de dinheiro.
O chefe da organização criminosa foi apontado como o deputado Binho Galinha. Ele está em prisão domiciliar por ser detentor do foro de prerrogativa de função, conhecido popularmente como foro privilegiado.
Apesar disso, outros envolvidos na organização foram presos, incluindo familiares de Binho Galinha. Relembre:
três policiais militares;
a esposa de Binho Galinha, Mayana Cerqueira da Silva, de 43 anos;
o filho de Binho Galinha, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, de 18 anos.
Segundo as investigações, a milícia atuava há 20 anos na Bahia e desviou milhões de reais ao longo das décadas. Cada integrante tinha uma função bem definida no grupo:
PMS: atuavam como "braço armado" da milícia, fazendo as cobranças das dívidas por agiotagem e jogo do bicho.
Empresas: os empreendimentos tinham licenciamento para funcionar, mas atuavam para lavagem de dinheiro. A PF não deu detalhes sobre os nomes das empresas, mas afirmou que os funcionamentos de todas elas foram suspensos.
Deputado estadual: chefiava a organização criminosa.
João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano: filho do deputado estadual. Ele era responsável por receber o dinheiro do crime desde quando ainda tinha menos de 18 anos. Ele repassou para o pai cerca de R$ 474 mil
Mayana Cerqueira da Silva: esposa do deputado estadual. As investigações apontaram movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados à Receita Federal e a maioria das transações feitas por ela envolvem os outros suspeitos.
Na primeira fase da operação, R$ 200 milhões e 26 propriedades rurais foram bloqueados.
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