segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Moro vai com Bolsonaro a debate dois anos e meio após ter acusado presidente de interferir na PF



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Ex-juiz comandou Ministério da Justiça entre janeiro de 2019 e abril de 2020 e deixou cargo fazendo acusações contra Bolsonaro. Moro se elegeu senador pelo Paraná.
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Senador eleito pelo Paraná, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil) acompanhou neste domingo (16) o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, no debate exibido pela TV Bandeirantes.

Juiz responsável pelos processos da Lava Jato no Paraná até 2018, Moro deixou a magistratura para se tornar ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Após pouco mais de um ano no comando da pasta, ele deixou o governo fazendo acusações contra Bolsonaro (leia mais abaixo e veja vídeo a seguir).

Neste domingo, a participação de Moro no debate presidencial chamou a atenção. Ele foi visto próximo ao presidente, aconselhando-o nos intervalos.
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"A presença do Moro como assessor do Bolsonaro num debate só mostra uma coisa: que o alvo dele sempre foi o Lula. E que ele, depois de ele ter falado tudo isso de Bolsonaro, voltar a apoiar Bolsonaro é um atestado que desde o início ele estava com esse objetivo [contra Lula]", disse o comentarista Merval Pereira.

"Moro tem a capacidade de provar que seus adversários têm razão. Quando ele vai para o governo Bolsonaro, pronto: tudo o que a defesa de Lula dizia fica confirmado, porque ele foi para o governo da pessoa que e beneficiou com a ausência do Lula naquela eleição [de 2018]", afirmou Míriam Leitão.



Moro em ministério e acusações contra Bolsonaro

Moro permaneceu no cargo de Ministro da Justiça de janeiro de 2019 a abril de 2020, quando anunciou que deixaria o ministério. Na ocasião, Moro acusou Bolsonaro de interferência na Polícia Federal.

Segundo Moro, o presidente da República cobrava a troca do superintendente da PF no Rio de Janeiro e disse que a prova da interferência estava na reunião ministerial em que Bolsonaro falou que não iria esperar "foder" a família dele e que iria trocar o "segurança" no Rio de Janeiro.

Bolsonaro sempre negou ter tentado interferir, afirmando que Moro não tinha provas do que dizia.
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Após o debate deste domingo, o presidente chamou o ex-ministro de "exemplo vivo" do que foi a Lava Jato, e de "um dos responsáveis pelo ressurgimento do Brasil".

Moro também falou sobre Bolsonaro. "Tenho, sim, minhas divergências com o presidente Bolsonaro, mas as convergências são muito maiores", afirmou Moro.

Ex-juiz na política

Nesses dois anos e meio desde a saída de Moro do Ministério da Justiça, o ex-ministro morou nos Estados Unidos; se lançou pré-candidato a presidente da República pelo Podemos; deixou o partido e se filiou ao União Brasil (resultado da fusão do PSL e do DEM); tentou ser candidato em São Paulo, mas a Justiça barrou; e acabou sendo eleito senador pelo Paraná.

Em fevereiro deste ano, Moro chegou a postar em sua conta no Twitter que "não há escolha possível" entre "petrolão e "rachadinha", fazendo referência a denúncias contra Lula e Bolsonaro. "Sério que, entre um ladrão de um lado e um ladrão do outro, a culpa é do juiz? Entre o petrolão e a rachadinha, não há escolha possível. Precisamos, sim, reformar nosso sistema de justiça para que casos de corrupção não fiquem impunes", postou.
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Moro também já afirmou que "assim como Lula, Bolsonaro mente". "Nada do que ele [Bolsonaro] fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o [diretor-presidente da Anvisa] Barra Torres e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência", declarou.

O senador eleito chegou a dizer, ainda, no começo deste ano, que "Bolsonaro enfim admitiu ontem que nunca defendeu o combate à corrupção e a Lava Jato". "Era só mais um discurso do seu estelionato eleitoral", postou.

Fonte: G1

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