segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Jair Bolsonaro é o primeiro presidente a não conseguir se reeleger



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Desde quando a reeleição foi aprovada, no ano de 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), nenhum presidente havia ficado sem se reeleger



Bolsonaro ao longo deste domingo (30/10): expectativa no último dia de campanha
BRUNA PRADO / POOL / AFP



Campanha pautada em conservadorismo


Alavancado pela onda antipetista, Bolsonaro, à época no PSL, foi eleito presidente em 2018 com 57,7 milhões de votos (55,13% do eleitorado), batendo Fernando Haddad (PT), que teve 47 milhões de votos (44,87%). O mote principal foi a promessa de combate à corrupção, alimentada pela Operação Lava-Jato.

Com pouco tempo de propaganda de rádio e TV e sem recursos, Bolsonaro fez das redes sociais sua principal plataforma e, por meio delas, propagandeou seus ideais conservadores — defendidos até hoje — como a pauta antiaborto, contra a legalização da maconha, de combate ao que chama de “ideologia de gênero” e a favor do armamento da população civil.



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Atentado marcou corrida eleitoral


Em Juiz de Fora (MG), a pouco menos de um mês das eleições, o então candidato foi vítima de um atentado à faca, que deu novo rumo à candidatura e fez com que Bolsonaro escalasse nas pesquisas até a vitória em segundo turno.


Capitão reformado do Exército, Bolsonaro foi vereador no Rio de Janeiro e deputado federal ao longo de 27 anos, em mandatos sucessivos, em que priorizou a defesa de interesses corporativos de militares, a redução da maioridade penal, o direito à legítima defesa e o excludente de ilicitude a policiais. Também encampou a defesa do voto impresso no Brasil, levantando suspeitas — nunca comprovadas — sobre a inviolabilidade dos votos na urna eletrônica.

Nascido em Glicério, no interior de São Paulo, em 21 de março de 1955, Jair Messias Bolsonaro foi registrado em Campinas. Ele é descendente de imigrantes italianos, que chegaram ao Brasil depois da II Guerra Mundial. Filho de Percy Geraldo Bolsonaro e de Olinda Bonturi Bolsonaro, o presidente é casado com Michelle Bolsonaro, com quem teve sua quinta filha, Laura.

Bolsonaro também é pai do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e de Jair Renan, a quem costuma se referir como 01, 02, 03 e 04, respectivamente.


Histórico de polêmicas


Bolsonaro coleciona um extenso histórico de declarações polêmicas relacionadas ao machismo, à homofobia e ao racismo. Em 2014, atacou a parlamentar Maria do Rosário (PT-RS) ao dizer que ela “não merece (ser estuprada) porque ela é muito ruim, porque é muito feia” e que “jamais a estupraria”. Durante o pico da pandemia de covid-19, que já vitimou mais de 686 mil brasileiros, pregou contra a vacinação, disse que a doença era uma “gripezinha”, negou “ser coveiro”, defendeu medicamentos sem eficácia comprovada e postergou a compra de vacinas.

Para atrair o eleitor mais pobre, Bolsonaro aumentou nos últimos meses o valor do Auxílio Brasil, do vale-gás e criou subsídios para caminhoneiros e taxistas. Também baixou artificialmente os impostos sobre combustíveis para domar a inflação, mas não conseguiu reduzir a rejeição ao seu nome, acima de 50% do eleitorado.

No 7 de Setembro de 2021, fez pesadas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes, ameaçando não cumprir mais decisões da Suprema Corte. Dois dias depois, precisou baixar a temperatura política e divulgou uma carta de recuo, escrita com ajuda do ex-presidente Michel Temer.

Na reta final da campanha entre o primeiro e segundo turno das eleições deste ano, Bolsonaro não se afastou das polêmicas. O presidente acusou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de não realizar inserções em rádios. Sem apoio, Bolsonaro recuou nos ataques ao órgão.

Na última sexta-feira (28/10), Bolsonaro participou do debate na Rede Globo. Na ocasião, prometeu aumentar o salário mínimo em 2023 para R$ 1.400. A ocasião também ficou marcada por trocas de farpas com o então oponente, Lula.



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