quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Eleições 2022: apoios de novos aliados de Lula e Bolsonaro podem definir 2º turno?



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Passado o primeiro turno das eleições, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) já começaram a costurar os primeiros acordos com novos aliados na disputa pela Presidência.

Enquanto Bolsonaro conseguiu o apoio dos governadores dos dois maiores colégios eleitorais do país, Lula deve ter o apoio dos terceiro e quarto colocados e que receberam juntos 8,5 milhões de votos.

A diferença entre Lula e Bolsonaro foi de 6 milhões. O petista recebeu 48,43% dos votos válidos, e Bolsonaro, 43,20%. Para ganhar, eles precisam de 50% mais um.

A disputa foi mais apertada do que indicavam as pesquisas, o que torna os apoios fechados agora importantes e bem-vindos, mas isso não deve ser o fiel da balança para a vitória de Lula ou de Bolsonaro, dizem cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil.
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Quem apoiou Lula e Bolsonaro?

Lula conseguiu o apoio do PDT. O diretório nacional do partido tomou a decisão por unanimidade.

O seu candidato à Presidência, Ciro Gomes, que ficou em quarto, com 3,04%, falou que vai seguir o seu partido. Mas ele se mostrou bastante contrariado e não citou Lula ao anunciar o apoio.

"É a última saída. Lamento que a democracia brasileira tenha afunilado a tal ponto que reste para o brasileiro duas opções, a meu ver, insatisfatórias", disse.

"Ao contrário da campanha violenta da qual fui vítima, nunca me ausentei ou me ausentarei da luta pelo Brasil. Sempre me posicionei e me posicionarei na defesa do país contra projetos de poder que levaram o país a essa situação grave e ameaçadora."
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A senadora Simone Tebet (MDB) também já sinalizou que deve apoiar o ex-presidente. "Eu já tenho um lado, não esperem de mim omissão", anunciou Tebet após o primeiro turno, em que ficou em terceiro lugar, com 4,16% dos votos.

Ela deu 48 horas para que os partidos da sua coligação se manifestassem antes de apresentar sua decisão.

O Cidadania era um deles e disse que apoia Lula. O PSDB, terceiro partido da federação formada pelas três legendas, ficou neutro e liberou seus diretórios para apoiar quem acharem melhor.

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), declarou seu "apoio incondicional" a Bolsonaro.



Garcia foi adversário de Fernando Haddad (PT) na eleição e ficou em terceiro, atrás do petista e de Tarcísio de Freitas (Republicanos), o candidato apoiado pelo presidente.

São Paulo é o maior colégio eleitoral do país, e Bolsonaro ganhou ali de Lula por 47,71% a 40,89%. O presidente também já tem um apoio importante no terceiro maior colégio, o Rio de Janeiro.

O governador Cláudio Castro, que é do seu partido (PL) e foi reeleito no primeiro turno com 58,67% dos votos, reforçou que está com Bolsonaro. O presidente venceu no Rio no primeiro turno com 51,09% contra 40,68% de Lula.

O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), eleito senador pelo Paraná com 1,9 milhão de votos, também declarou apoio ao presidente.
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Moro foi ministro da Justiça e Segurança Pública e saiu do governo acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal. O presidente nega.

Bolsonaro disse agora que as desavenças entre os dois estão "superadas". "O passado é o passado, não temos contas a ajustar", afirmou o presidente para jornalistas.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), reeleito no primeiro turno com 56,2% dos votos, foi um dos primeiros a declarar que está com Bolsonaro.

Minas é um Estado-chave para a eleição presidencial, porque é o segundo maior colégio eleitoral. Nenhum presidente eleito desde a redemocratização venceu sem ganhar em Minas.

Neste primeiro turno, a votação ali espelhou quase exatamente o resultado nacional.

O Partido Social Cristão, comandado pelo Pastor Everaldo, anunciou seu apoio formal ao presidente.

"Bolsonaro é o candidato que defende as bandeiras conservadoras do PSC: defesa da família e da vida desde a concepção, da segurança, das mulheres e da liberdade econômica", disse.

Apoio dá voto?


É um começo melhor para o presidente, avalia o cientista político Cláudio Couto. "Acho que Bolsonaro sai um pouco na frente porque conseguiu apoios mais significativos", diz o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Isso é relevante porque pode influenciar a percepção do eleitorado sobre as candidaturas. "O mais importante é essa percepção do conjunto de apoios. O eleitor vai ver quem está conseguindo atrair mais, e isso conta", afirma o cientista político Rafael Cortez, da consultoria Tendências.

Mas os analistas avaliam que os apoios anunciados até agora não devem trazer os votos que Bolsonaro precisa para virar o jogo, porque muitos dos eleitores dos seus "novos aliados" provavelmente já votaram nele no primeiro turno.
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"Tem um valor mais simbólico do que prático. Além disso, Rodrigo Garcia, por exemplo, se tivesse uma grande capacidade de influência não teria ficado em terceiro lugar", diz Cortez.

O apoio de Zema tem mais peso, avalia Couto. "Mas não são nomes que inflamam paixões, não estamos diante de lideranças carismáticas", afirma.

"O Zema é um gestor bem avaliado, e isso ajudou ele a se reeleger facilmente, então, é claro que é bom ter o apoio, porque pode deixar os eleitores que votaram em Lula mais pensativos, mas não acredito que vai virar tudo de cabeça para baixo."



A cientista política Maria do Socorro Sousa Braga ressalta que "Minas é quase um Brasil" e isso limita quantos votos Bolsonaro pode conquistar no Estado.

"Claro que vai conseguir um pouco, mas é um colégio eleitoral imenso, e as regiões do Norte de Minas votam em Lula, ele venceu muito forte ali."


Do lado de Lula, o apoio resignado de Ciro também não ajuda muito, diz Couto.

"Porque não é o Carlos Lupi (presidente do PDT) que vai conseguir trazer votos para Lula. Pode ajudar um pouco se houver articulações das lideranças locais, mas o eleitorado não tem uma identificação com o partido."

O apoio de Tebet, se confirmado, também não deve ser suficiente para garantir a vitória petista, segundo Braga.

"Entre os novatos, a Tebet é quem sai com maior capital político, mas ainda não tem capacidade de fazer uma grande transferência, leva tempo para um político conquistar isso, ainda mais entre campos antagônicos como ela e o PT."

Mas a cientista política avalia que isso pode ter um efeito dentro de um partido bastante dividido como o MDB e fazer a legenda pender para o lado de Lula.

"O partido já tem vários segmentos que apoiam Lula, e isso deve se ampliar com o apoio da Tebet", diz Braga. O MDB é o partido que está à frente do maior número de prefeituras no país.

Os analistas dizem que, tanto de um lado quanto do outro, as transferências de votos não são automáticas e que vai depender muito mais das campanhas conseguirem mudar a percepção sobre os candidatos para conseguir os votos que faltam para vencer.

Bolsonaro vai precisar reduzir a sua rejeição, e Lula tem que desfazer as desconfianças sobre como ele deve governar nas áreas econômica e de costumes.

Mas, em uma eleição disputada, os votos conquistados com as novas alianças podem ter um impacto maior do que antes. "É o pouco que pode significar muito", diz Couto.

Fonte: BBC NEWS Brasil

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