O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, foi o segundo entrevistado do Jornal Nacional, da TV Globo, nesta terça-feira (23).
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O primeiro foi Jair Bolsonaro, na segunda-feira. A série de entrevistas terá ainda: Lula, na quinta (25); e Simone Tebet, na sexta (26).
A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações de Ciro Gomes. Leia:
“33 milhões de pessoas estão com fome e 120 [milhões] não fizeram as três refeições hoje.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: 33,1 milhões de brasileiros passam fome atualmente, patamar equivalente ao de 30 anos atrás, segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado em junho. O mesmo levantamento apontou que 125,2 milhões de brasileiros vivem com algum grau de insegurança alimentar - ou seja, não têm acesso pleno e regular aos alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. O número corresponde a mais da metade (58,7%) da população do país.
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"É tradição no Brasil que o presidente, uma vez eleito, elege com ele 50 [deputados], 10% do Congresso. Mas todos eles só elegem isso"
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"É tradição no Brasil que o presidente, uma vez eleito, elege com ele 50 [deputados], 10% do Congresso. Mas todos eles só elegem isso"
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O número citado por Ciro é um pouco inferior à realidade. Desde 1994, os partidos dos presidentes eleitos elegeram, em média, 78 deputados, equivalente a 15% do total. Na última eleição, no entanto, a quantidade foi bem próxima à citada pelo candidato. Confira o número por ano:
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2018 — Jair Bolsonaro (PSL) — 52 deputados
2014 — Dilma Rousseff (PT) — 70 deputados
2010 — Dilma Rousseff (PT) — 88 deputados
2006 — Lula (PT) — 83 deputados
2002 — Lula (PT) — 91 deputados
1998 — FHC (PSDB) — 99 deputados
1994 — FHC (PSDB) — 63 deputados
“[Fui] O mais popular governador do Brasil.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: Ciro Gomes (na época, do PSDB) deixou o governo do Ceará em setembro de 1994 com aprovação de 74%, a melhor entre os doze estados consultados em levantamento do Datafolha. Entre os cearenses, 18% avaliavam o governo como regular e apenas 5% consideravam a gestão ruim. O segundo com melhor avaliação era o governador do Mato Grosso do Sul, Pedro Pedrossian (PTB), com 58% de aprovação.
“Você, indeciso, sabe quantos [são] vocês? Mais da metade da população.”
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A declaração é #FAKE. Veja por quê:Segundo a última pesquisa Ipec (ex-Ibope), divulgada em 15 de agosto, o número de indecisos era de 7% do total, no primeiro turno estimulado — quando são apresentados os nomes dos candidatos aos eleitores. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A mesma pesquisa apontou que 77% dos eleitores estavam totalmente decididos sobre o voto para presidente em 2022.
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Já a última pesquisa Datafolha, divulgada em 18 de agosto, indicou que 2% dos eleitores estavam indecisos, no primeiro turno estimulado. A margem de erro também é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O Datafolha também mostrou que 75% dos eleitores estão decididos sobre o voto.
“O Brasil, meu irmão, tem 3% da população do mundo. E no Brasil morreram 11 de cada 100 pessoas que morreram no mundo na pandemia.”
A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2011, o mundo atingiu a marca de 7 bilhões de pessoas – a previsão é que, em novembro deste ano, o número chegue a 8 bilhões.
A última contagem da população brasileira foi realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. Naquele ano, os brasileiros formavam um contingente de quase 191 milhões de pessoas.
As projeções do IBGE indicam aumento de 13% nos últimos 12 anos, elevando para 215 milhões o número estimado de habitantes. Portanto, a população do Brasil, de fato, representa aproximadamente 3% da população mundial.
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Sobre as mortes por Covid-19 durante a pandemia, o número apresentado por Ciro Gomes também é verdadeiro. O Brasil registrou, nesta terça-feira (23), 195 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 682.941 desde o início da pandemia. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), atualizados nesta quarta-feira (23), o número acumulado de mortes pela Covid-19 no mundo chegou a 6.451.016. Os óbitos registrados no Brasil correspondem a cerca de 10,6% do total do mundo. Desse modo, é correto dizer que 11 a cada 100 mortos do mundo por Covid são brasileiros.
“Nós mandamos basicamente, são filhos ou eles mesmos que estão lá, 40 milhões de brasileiros migraram do Sul, do Nordeste, para integrar, para não entregar a Amazônia.”
A declaração é #FAKE. Veja por quê:Durante a Ditadura Militar, o então presidente Castelo Branco estimulava, em 1966, uma política para a Amazônia que ficou conhecida como "integrar para não entregar". Brasileiros de outros estados de fato migraram para a região, mas o número não foi tão elevado. Dez anos depois, a população da Amazônia Legal chegava a 7 milhões de pessoas. Além disso, considerando os nove estados que fazem parte da Amazônia Legal, uma estimativa do IBGE divulgada em agosto de 2021 indica que vivem atualmente na região 28 milhões de pessoas.
"Brasil tinha 34% de sua riqueza tirada da indústria, hoje está com menos de 10%."
#NÃOÉBEMASSIM, Veja por quê: A maior participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro aconteceu no ano de 1985, quando respondeu por 48% das riquezas produzidas no Brasil, segundo a Confederação Nacional da Indústria. No ano passado, segundo o IBGE, a indústria respondeu por 22,2% do PIB.
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Se for levada em conta apenas a indústria de transformação, aquela que agrega mais valor à produção, o pico também aconteceu em 1985, quando ela respondeu por 24,48% do total do PIB. Em 2021, a indústria de transformação produziu 11,1% das riquezas do país.
“[Existem]14 mil obras paradas [no Brasil].”
A declaração é #FATO. Veja por quê: De acordo com auditoria de obras paralisadas feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2019, 14.403 obras em todo o país estavam paralisadas. Nelas já foram gastos R$ 70 bilhões, mas ainda seriam necessários mais R$ 40 bilhões para finalizá-las.
Segundo informações da Agência Senado, em 2021, a Corte de Contas promoveu uma nova investigação que apontou que, dos 27 mil contratos analisados, apenas 7 mil estavam parados. Mas, segundo os auditores, 11 mil contratos financiados pela União desapareceram dos bancos de dados oficiais desde a auditoria de 2019. Por isso, não é possível comparar os dois dados.
“O privilégio que faz com que o Brasil tenha cinco pessoas acumulando a renda dos cem milhões nacionais mais pobres e de classe média.”
Segundo informações da Agência Senado, em 2021, a Corte de Contas promoveu uma nova investigação que apontou que, dos 27 mil contratos analisados, apenas 7 mil estavam parados. Mas, segundo os auditores, 11 mil contratos financiados pela União desapareceram dos bancos de dados oficiais desde a auditoria de 2019. Por isso, não é possível comparar os dois dados.
“O privilégio que faz com que o Brasil tenha cinco pessoas acumulando a renda dos cem milhões nacionais mais pobres e de classe média.”
#NÃOÉBEMASSIM. Veja o porquê: o dado citado pelo candidato corresponde ao divulgado pela ONG Oxfam em janeiro de 2018. O levantamento é feito com base em informações da revista Forbes e em dados de riqueza global do banco Credit Suisse.
Como os relatórios da ONG são anuais, no entanto, o número ficou desatualizado. Segundo a última edição do estudo, intitulada “Desigualdade mata”, o dado atual é de que os 20 brasileiros mais ricos têm mais riqueza do que 128 milhões de brasileiros.
“Fortaleza não tem mais áreas de risco.”
A declaração é #FAKE. Veja por quê:Segundo o site da prefeitura de Fortaleza, a cidade possui 89 áreas de risco, onde moram 21.345 famílias. A Defesa Civil considera área de risco os territórios que podem ameaçar a segurança dos moradores, devido a sua vulnerabilidade.
“Quando foi votada a equivocadíssima lei de combate ao tráfico de drogas no Brasil que levou 800 mil jovens negros e pobres por regra das periferias do Brasil para o presídio.”
#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Ciro Gomes faz referência à lei promulgada em 2006 que estabelece os critérios para “repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas”. Naquele ano, havia 339.580 pessoas presas no Brasil, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2007. Na época, não era informada a porcentagem de negros na população carcerária.
Segundo o mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública, havia 820.689 presos no país em 2021. Desses, 46,4% têm entre 18 e 29 anos: 380.799 presos. E 67,5% são negros: 553.965.
De acordo com o anuário, ao longo dos últimos anos, o percentual da população negra encarcerada tem aumentado. Em 2011, 60,3% da população encarcerada era negra e 36,6% branca. Já em 2021 a proporção foi de 67,5% de presos negros para 29% de brancos.