O Ministro da Educação, Milton Ribeiro, defendeu em rede nacional, nesta terça-feira (20), o retorno às aulas presenciais em todo o país. O ministro culpou Estados e municípios pela adoção do ensino remoto, medida tomada para conter a disseminação do novo coronavírus.
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"Quero neste momento conclamá-los ao retorno às aulas presenciais. O Brasil não pode continuar com as escolas fechadas gerando impacto negativo nestas e nas futuras gerações", disse. Por lei, os estados têm autonomia para decidir sobre a volta às aulas na rede estadual e os municípios na rede municipal.
Ribeiro falou que o governo federal não tem autonomia sobre o tema. "O ministro da Educação não pode determinar o retorno presencial das aulas. Caso contrário, eu já teria determinado", afirmou. Segundo ele, "a vacinação de toda a comunidade escolar não pode ser condição para a reabertura das escolas".
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Ribeiro argumentou que outros países retornaram às aulas presenciais em 2020, quando sequer havia previsão de vacinação, como Portugal, Chile, França, Espanha, Áustria e Rússia. "O Brasil é, infelizmente, um dos últimos países do mundo a reabrir as escolas. E não há que se dizer que o assunto foi a vacinação. Acabo de chegar da Itália e lá (na Europa) os países estão todos retornando, alguns com porcentagem de vacinação inferior ao Brasil”, afirmou Ribeiro, citando a reunião dos ministro da Educação do grupo de países conhecido como G20.
Todos os países mencionados por Ribeiro, entretanto, apresentam índices de letalidade (mortes por cada caso confirmado) e de mortalidade (mortes em relação à população infectada) pela Covid-19 inferiores aos do Brasil, segundo dados da Universidade de Oxford para julho deste ano. Do grupo, o Brasil é também o que apresenta o índice mais alto de casos em relação à população no período e o segundo pior em número relativo de pessoas completamente vacinadas.
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"Já há protocolos de biossegurança estabelecidos que reduzem riscos de contágio no ambiente escolar. Todos estes protocolos se baseiam fundamentalmente em distanciamento, uso de máscaras e de álcool em gel. Isso está mais do que sabido", afirmou.
Estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), entretanto, aponta que ainda há falhas em protocolos de reabertura das escolas justamente porque não considerarem pontos que a ciência já comprovou também serem importantes para frear a contaminação, como ventilação dos espaços e escalonamento no transporte público para evitar aglomeração.
Ao contrário do que prega o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Educação também afirmou que o uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social são medidas que o mundo está utilizando com sucesso para conter a disseminação da covid-19. No último dia 30 de junho, véspera da audiência do ministro no Senado, o Ministério da Educação (MEC) divulgou em uma rede social o Guia de Retorno às Aulas Presenciais, documento elaborado pela pasta em 2020.
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