O presidente ainda usou o próprio nome - Jair Messias - para fazer um trocadilho com a situação. "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", reagiu ele à pergunta de um repórter em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, e referindo-se ao personagem bíblico. A resposta arrancou risos de apoiadores do presidente que estavam na grade montada diariamente na residência oficial.
Nesta terça-feira(28), o Ministério da Saúde anunciou que subiu para 5.017 o número total de mortes provocadas pela doença no país, 474 delas registradas nas últimas 24 horas. Com os dados atualizados, o Brasil ultrapassou a China, que registra oficialmente 4.643 mortes por conta da covid-19. No total, o Brasil já registrou 71.886 casos oficiais no país, segundo os dados mais recentes do Ministério, com 5.385 novos diagnósticos de ontem para hoje. Segundo a pasta, ao menos 34.325 pacientes estão em acompanhamento e mais de 32.544 já se recuperaram. 1.156 óbitos seguem em investigação.
A taxa de letalidade — que compara os casos totais pelos números de óbitos confirmados — no Brasil é de 7%, segundo a atualização do governo.
Na entrevista, Bolsonaro voltou a se dizer solidário aos parentes de pessoas mortas pela covid-19, mas disse que a maioria são idosos e que não há o que fazer. Afirmou ainda que um dia ele também morrerá.
Questionado novamente sobre o recorde de hoje, Bolsonaro afirmou que que os números deveriam ser tratados pelo ministro da Saúde, Nelson Teich, e não por ele.
Em abril, o presidente colocou Teich no lugar de Luiz Henrique Mandetta por não concordar com as orientações sobre isolamento social do então ministro, que seguia as determinações da. OMS (Organização Mundial da Saúde).
No início da pandemia, o presidente chegou a chamar a covid-19 de "gripezinha".
"Vão querer saber se eu sou virgem"
Ainda durante a entrevista improvisada, Bolsonaro foi questionado sobre uma ação movida pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A juíza Ana Lúcia Petri Betto deu o prazo de 48 horas (sob pena de multa de R$ 5 mil) para que Bolsonaro forneça "o laudo de todos os exames" que fez para diagnosticar covid-19.
Apesar de dizer publicamente que testou negativo para o novo coronavírus, Bolsonaro se nega a apresentar o resultado e classifica o exame como "sigiloso". Ele chegou inclusive a dizer, durante participação no "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, que a sua palavra vale mais do que um papel.
"Daqui a pouco vão querer saber se eu sou virgem ou não. Dá positivo ou não? Se nós dois [presidente e o repórter] estivermos com Aids, a lei nos garante o anonimato. Da minha parte, não tem problema nenhum em mostrar, mas quero ter o direito de não mostrar", afirmou.
A Advocacia-Geral da União informou que irá recorrer.
Fonte: Uol
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