Couto Maia é referência no tratamento da covid-19 (Paula Froés/GOVBA) |
Foram 21 mortes desde que a covid-19 fez a
sua primeira vítima na Bahia, ainda no final do mês de março. Nos 13 dias
últimos dias, homens e mulheres entre 28 e 96 anos morreram vítimas da doença
no estado. Em comparação, o novo coronavírus já matou mais que a H1N1, que
durante todo ano de 2019 vitimou 13 pessoas na Bahia.
Este
ano, os registros contam três vítimas da doença, número que representa 15% das
vítimas de coronavírus em menos de um mês. No total, foram 87 casos notificados
da Influenza A H1N1 em todo ano de 2019, e 48 casos já registrados até março
deste ano. No caso do novo coronavírus, boletim mais recente divulgado pela
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, já foram contabilizados 515 casos
confirmados da Covid-19,
É
certo que o status de pandemia que tomou conta do planeta para o novo vírus
contribui para que os números sejam mais altos. Apesar disso, o CORREIO
conversou com infectologistas para entender as razões da disparidade. A
principal delas: existe vacina para a gripe, o que ainda não se tem para o novo
coronavírus.
“No
caso da H1N1, se trata de um vírus já conhecido, existe vacina, e são feitas
campanhas, então com uma boa parte da população vacinada, protegida,
naturalmente os números de casos é menor. Isso não existe para um vírus novo
como é o caso do coronavírus, então todos estamos expostos, qualquer um pode
ser infectado”, explica a médica infectologista
O
infectologista e professor de infectologia da Universidade do Estado da Bahia
(Uneb) e da UniFTC, Claudilson Bastos, explica, inclusive, que a campanha de
vacinação para os virus Influenza foi antecipada, este ano, justamente para
ajudar o controle “A vacina tem uma validade de um ano, então ainda as pessoas
estão protegidas. Por isso também, nesse momento foi recomendado fazer a vacinação
com antecedência para que não houvesse nenhum tipo de confusão com a H1N1”,
explica.
Outra
razão que contribui para um maior espalhamento da covid-19 diz respeito a taxa
de contaminação do vírus, ou seja, para quantas pessoas saudáveis uma pessoa
infectada pode transmitir a doença. No caso do novo vírus, essa taxa varia de 2
a 3 pessoas e vai crescendo exponencialmente. Essa taxa foi menor no surgimento
de outros vírus similares. “Esse número depende muito de cada vírus, e da
capacidade dele de se adaptar ao corpo humano, quanto melhor for essa adaptação
mais o vírus consegue se espalhar’, explica Clarissa.
Apesar
dos altos números para o covid-19, no que diz respeito a taxa de letalidade -
obtida quando o número de casos é comparado ao número de óbitos - as duas
doenças têm números próximos e não atingem 10%. Até aqui, na Bahia, a taxa para
o novo coronavírus (comparando os 515 casos e 19 mortes) é de 3,6%. Para os
números de H1N1 desse ano, (48 casos e três mortes), a taxa é de 6,2%
Futuro
Quando o assunto é o futuro, e o que vai acontecer quando passar o estado de
pandemia da nova doença, mais uma semelhança. Nos próximos anos, o vírus que
hoje é novo e preocupa tanto vai se tornar o que se chama de vírus endêmico:
periodicamente novos casos serão notificados com números que serão naturalmente
menores.
“Com
o passar do tempo, mais pessoas tendo sido infectadas e se curado, serão mais
pessoas que vão ter anticorpos para a doença e o número de expostos a pegar a
doença acaba diminuindo”, explica Ramos. “Como todo vírus, a partir de um
determinado momento, esse vírus passa a fazer parte da vida humana. E assim foi
com outras doenças, inclusive a H1N1. É um ciclo natural”, completa
Bastos.
Mortes por coronavírus na Bahia
29/3 - Idoso de 74 anos (Hospital
da Bahia, em Salvador)
30/3 - Engenheiro civil de 64 anos (Hospital
Aliança, em Salvador)
1/4 - Mulher, mãe de recém-nascido, de 28
anos (UPA, em Itapetinga)
2/4- Homem de 88 anos (Hospital
da Bahia, em Salvador)
3/4 - Idoso de 79 anos (Cardiopulmonar,
em Salvador)
3/4 - Mulher de 41 anos (Instituto
Couto Maia, em Salvador)
3/4- Idoso de 80 anos (Utinga)
3/4 - Idosa de 62 anos (Instituto
Couto Maia, Salvador)
4/4 - Ex-gerente da Caixa Econômica, 55
anos (Hospital Aeroporto, em Lauro de Freitas)
5/4 - Idoso de 87 anos (Salvador)
6/4 - Taxista de 64 anos (Instituto
Couto Maia, Salvador)
6/4 - Idoso de 76 anos (Hospital
Municipal em Araci)
7/4 - Homem de 26 anos (Instituto
Couto Maia, Salvador)
7/4 - Homem de 53 anos (Instituto
Couto Maia, Salvador)
7/4 - Mulher de 51 anos (Hospital
particular, Salvador)
7/4 - Idoso de 96 anos (Hospital
particular, Salvador)
7/4 - Idosa de 63 anos (Uruçuca)
8/4 - Idosa de 72 anos (Ipiaú)
9/4 - Idoso de 65 anos (Ilhéus)
10/4 Idoso de 71 anos (Gongogi)
11/4 homem de 35 anos (O caso foi notificado em Lauto de Freitas. O paciente estava internado no Hospital doAeroporto desde o último dia 26 de março, e veio a óbito hoje (11\04), às 6h45.)