Eles se conheceram entre os anos de 2006 e 2007 na Escola Alexandre Vaz Tavares (AVT), no Centro de Macapá, e, desde então, a relação foi além das afinidades do ambiente escolar.
Há 13 anos, os nerds, como eram vistos pelos demais alunos do ensino médio, tinham entre 14 e 15 anos e descobriram que todos moravam próximo. Além disso, o interesse por videogame, o gosto pelos estudos e a faixa etária aproximada deram um empurrão para que os encontros virassem frequentes, mesmo que estudassem em salas diferentes.
Relembrar o passado é sempre motivo de alegria para os amigos: Arthur Marcos Cerqueira, 27 anos, advogado; Cássio Magno Nery, 27 anos, administrador e fotógrafo; Anderson Calandrini Ribeiro, 27 anos, jornalista; Iuri Sena, 27 anos, médico legista; Rodrigo Sthephany Malvão, 27 anos, funcionário público; Tiago da Silva Maciel, 27 anos, advogado; Francisco Marques dos Santos, 27 anos, militar; Max Douglas Freitas, funcionário público.
“A gente era jovem, alguns já se conheciam de vista, outros estudavam juntos na mesma sala, mas nunca todos juntos. Quando descobrimos que morávamos próximo, foi quando começamos a estudar juntos, em grupo e a ir pras nossas casas, a pé, juntos, íamos pra todo canto juntos. A amizade foi só se fortalecendo”, relembra Anderson Calandrini.
Atualmente todos são formados, empregados e independentes. Muitos já são casados e apenas Rodrigo tem filhos, mas, nesses 10 anos, a rotina não mudou muita coisa. O grupo continua se encontrando.
Eles contam que a casa do outro se tornou extensão da própria casa. Os pais deles viraram tios, a vida financeira estabilizou, mas eles recordam com orgulho do tempo de garotos, quando o dinheiro era coletado para a compra de salgadinho e refrigerante, para dividir entre os oito.
“Nessa época [2006] a gente sofreu pra caramba. A gente andava no sol. Não tínhamos dinheiro, a gente juntava o que cada um tinha pra comprar 'micos' com refrigerante. Mas éramos muito felizes. Aliás, a gente continua sendo, mas isso aqui [a escola] significou muito pra gente. Bate uma nostalgia e nos transborda de uma felicidade que é diferente”, conta Arthur.
O companheirismo também foi o suporte dessa amizade. Iuri, hoje médico legista, é a prova de que o amor nasce da solidariedade e parceria.
“O Iuri não tinha dinheiro. Nunca tinha, nem roupa, a família dele só comprava roupa no Natal. E toda vez que a gente saía, a gente tinha um pouquinho e juntava pra comprar as coisas pra ele também: ingresso para o cinema, para o lanche. Hoje o Iuri já é médico, passou no concurso da Politec e é o mais bem de vida. Agora ele é quem banca todo mundo. É sempre o que mais gasta”, falam brincando, Tiago e Arthur.
E para Iuri, estar junto é a forma de retribuir o carinho dos parceiros que nunca o deixaram na mão.
“O Arthur me deu uma bicicleta, roupa, uniforme, até terno. Hoje, por conta dos nossos trabalhos, nem sempre podemos estar juntos, mas todos os dias nos falamos. Temos um grupo dos oito no WhatsApp e a gente se encontra sempre que dá, seja para uma churrascada ou pra tomar um café", conta, Iuri, que continua:
"Somos amigos para todas as horas. Eu sei que podemos contar um com o outro em todos os momentos, todos mesmo, seja o que for. Amizade ao ponto de eu deixar de fazer uma prova para residência, em São Paulo para vir ao casamento do Tiago, e foi a melhor decisão que tomei. Sou concursado como médico legista e a especialização farei mais à frente. Nossos laços são tão fortes quanto família”, acrescentou.
A história dessa turma pode ter sido profetizada pelo Cássio. Ele gosta de contar que, há 13 anos, teve um sonho que ele e os amigos ficariam velhinhos, com suas respectivas namoradas e esposas, indo ao cinema.
E como toda família, claro, existem os conflitos, mas eles dizem ter aprendido a contornar com diálogo. O advogado Arthur revela ser o mais brabo da turma. Conta que chegou a ficar meses longe do grupo na internet, mas a perda de um outro amigo o fez repensar na decisão de “se afastar”, ainda que temporariamente.
“Perdemos um amigo recentemente. Foi a última vez que conseguimos nos reunir todos, no funeral desse amigo. Foi um choque para todos, mas também foi importante para pensarmos sobre a importância das pessoas na nossa vida. Não adianta ficar brigado. Do nada a gente perde alguém que é parte da gente. A gente não vai mais poder abraçar e nem se encontrar”, reflete Arthur.
Para essa turma, amizade é definida pelas palavras lealdade, reciprocidade, suporte, família e companheirismo.
É por essa razão que eles decidiram refazer a foto na frente da escola que os apresentou. Na imagem de 2006, somente o Max não aparece, mas ele estava no local no mesmo momento. Foi ele quem fez a foto na época.
A ideia dos amigos é registrar o momento a cada quatro anos. Para eles, é uma forma de fortalecer os laços do presente e agradecer ao passado.
“O AVT representa todos os nossos sonhos da adolescência, a nossa amizade. Foi aqui que nós nos conhecemos, que buscamos os objetivos da vida. Aqui a gente sonhou junto, e sempre vamos voltar só pra relembrar das nossas histórias”, finaliza Cássio.
Fonte: G1
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