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Os antibióticos são necessários para combater as infecções, mas seu uso incorreto também pode piorar o quadro do paciente, criando bactérias com resistência antimicrobiana. Em alguns casos, o paciente para de se tratar com o antibiótico logo os sintomas da enfermidade passem, e não seguem o período de tratamento completo estipulado pelo médico.
Sem uma cura completa, os pacientes poderão voltar a adoecer de forma mais grave no futuro. Há casos também de utilizar o antibiótico indicado por algum amigo ou parente, mas que não é o ideal para combater o tipo específico de bactérias presente no organismo.
“Além da consequência individual, a utilização inadequada de antibióticos gera consequências para a população de um modo geral, seja com o aumento dos custos associados ao tratamento, como também o risco da população contrair esta mesma bactéria multirresistente”, alerta o farmacêutico Anderson de Oliveira, da Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental (Divisa) da Sesab. “Esses microrganismos multirresistentes podem ser transmitido pelo ambiente ou de pessoa a pessoa”, completa.
Segundo o farmacêutico, há uma estimativa de 23 mil mortes por ano no Brasil ocasionadas por bactérias multiressistentes a antibióticos. Conforme estimativa do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), 10 milhões de pessoas morrerão por uso excessivo e descontrolado do medicamento. Para se ter uma ideia, esta cifra ultrapassará as mortes provocadas por câncer.
Um informe divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em setembro passado, revela uma grave falta de novos antibióticos em desenvolvimento para combater a crescente ameaça da resistência antimicrobiana.
A maioria das drogas que estão sendo desenvolvidas são modificações de classes existentes de antibióticos que oferecem soluções apenas no curto prazo. O relatório indica que existem poucas opções possíveis de tratamento para infecções resistentes a antibióticos identificadas pela OMS como as maiores ameaças para a saúde, incluindo a tuberculose resistente aos medicamentos, o que causa cerca de 250 mil mortes por ano.
Animais
Mais da metade dos antibióticos do mundo são usados em animais como porcos, frangos, peixes e outros, para que não tenham infecção ou cresçam mais rapidamente. O Brasil é o terceiro país no mundo que mais utiliza antibióticos na produção de proteína animal, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, aponta um estudo coordenado por Thomas P. Van Boeckel, da Universidade de Princeton (EUA).
Os antibióticos ingeridos pelos animais vão parar no organismo humano que se alimenta deles. Antibióticos, tais como penicilina, cefalosporina e colistina já estão proibidos de serem utilizados em animais saudáveis para ganho de desempenho, segundo o Ministério de Agricultura.
As intervenções que restringem o uso de antibióticos em animais utilizados para produção de alimentos reduzem as bactérias resistentes aos antibióticos nestes animais em até 39%. Esta pesquisa foi tomada diretamente como base para o desenvolvimento das novas diretrizes da OMS.
A OMS recomenda fortemente uma redução geral no uso de todas as classes de antibióticos de importância médica em animais destinados à produção de alimentos, incluindo a restrição completa desses medicamentos para estimular o crescimento e prevenir doenças sem diagnóstico prévio. Os antibióticos só devem ser administrados a animais saudáveis para prevenir uma doença se tiver sido diagnosticado em outros animais do mesmo rebanho ou população de peixes.
Principais erros no consumo de antibióticos
- Aceitar a recomendação de qualquer pessoa que não seja médico, dentista ou enfermeiro (caso dos programas do SUS).
- Tomar antibióticos quando estiver gripado ou com a garganta inflamada.
- Usar um medicamento que foi recomendado para outra pessoa. Os sintomas podem ser parecidos, mas a doença e necessidade de tratamento podem ser outras.
- Tomar os antibióticos que sobraram de um tratamento anterior, sem passar por avaliação profissional.
- Fazer o tratamento por um período menor que o indicado pelo seu médico ou dentista.
Conheça as principais causas da resistência microbiana
- Uso indevido de antibiótico, sem necessidade ou por um período diferente do recomendado.
- Falhas no controle de infecções em hospitais e clínicas.
- Capacitação insuficiente de alguns profissionais de saúde para a prescrição correta de antibióticos para os pacientes internados ou nos ambulatórios.
- Falhas nas medidas de prevenção e controle de infecções em hospitais e clínicas, principalmente a higiene das mãos pelos profissionais de saúde.
- Falta de higiene, por exemplo, lavagem das mãos após o uso do banheiro e antes das refeições.
- Ausência de novos tratamentos pela indústria farmacêutica.
- Excesso de antibióticos em animais destinados à alimentação humana.
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Filomena Tend Tudo, breve em Nova Cruz
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