(Foto: Ilustrativa) |
Vanize Sampaio Guedes Carneiro
A cada dia é mais abrangente a magnitude das discussões e até mesmo das preocupações da família, da escola e de outras instituições que trabalham com a formação da criança, com relação à forma como está ocorrendo à transmissão de valores e, principalmente, a formação ética das crianças e jovens da atualidade. Diante de uma crise geral dos valores que regem ou deveriam reger uma sociedade, esta preocupação se intensifica, principalmente, quando se sabe que sem se transmitir valores, principalmente aqueles que são universais, não há como formar cidadãos éticos e preparados para viver em sociedade.
A partir desta constatação e sabendo-se que a ética é aprendida na infância fazem-se necessárias ações específicas, baseadas em uma educação socioemocional, destinadas a este objetivo, primeiro na família, onde se inicia a educação, depois na escola, instância onde esta se prolonga. É sabido que ninguém nasce ético ou não ético, a pessoa se torna aquilo que dela se faz através da educação e das suas vivências; é a partir do que lhe é ensinado desde a infância que se torna pleno seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e socioemocional, e que será íntegra a construção da sua personalidade.
Desta forma, para uma compreensão mais ampla sobre a formação ética da criança é necessário em primeira instancia se entender o que é Ética. A palavra Ética deriva da palavra grega Ethos e na perspectiva de Aristóteles (1976) traz uma forte conotação social. A harmonia da vida na Polis depende da prática social da Ética que deve ser uma preocupação de todos os cidadãos. Segundo Maria Judith Sucupira da Costa Lins o julgamento moral da criança é uma capacidade que somente será estruturada mediante experiências e atividades nas quais a criança encontra oportunidade de vivenciar a ética.
É afirmado por diversos estudiosos que educar para os valores é convidar a criança a acreditar naquilo que é apreciado, como, por exemplo, respeitar o próximo. Ainda, afirmam que não há valor que se sustente sem bons exemplos. Não adianta dizer à criança que não pode agir, por exemplo, como se ela fosse o centro do universo se eles próprios o fazem em seu dia-a-dia.
É na família e na escola que ocorrerá a transmissão destes valores que irão contribuir, de forma saudável, para a criação, a produção e a construção de crianças éticas e saudáveis, porém, a influência de cada uma tem pesos e dimensões diferentes. A escola irá apoiar e complementar de forma fundamental aos pais e responsáveis nesta função, mas está longe de substituí-los na tarefa de educar. A família vem em primeiro lugar, pois é nela que os laços afetivos entre pais e filhos são dos mais fortes, ou
deveriam ser, daí a necessidade de uma educação próxima, com trocas de afetividade e de vivências, com um diálogo forte, onde haja a comunicação entre pais e filhos e todos sejam capazes de escutar o que o outro diz e sente, tendo na presença diária e constante, e no exemplo, os fatores para uma relação familiar sadia. 'Hoje, sabe-se que o ambiente moral da casa tem grande importância na formação das crianças', diz o psicoterapeuta José Ernesto Bologna apud Paulo de Camargo e Juliana Bernardino. Para ele, os filhos acabam assumindo a maioria dos valores da família. Ainda, com relação a este tema, Renato M. Caminha relata que a maior parte dos comportamentos parentais é aprendido no dia a dia do relacionamento entre pais e filhos.
Sabe-se que não é uma tarefa fácil, nem casual, mas sim uma tarefa árdua e cotidiana, não existindo um manual de instruções. “Segundo uma das definições mais aceitas na Educação, proposta pelo biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), valores são investimentos afetivos. Isso quer dizer que, apesar de se apoiarem em conceitos, estão ligados a emoções, tanto positivas quanto negativas. Educar para os valores é transmitir aos filhos ou alunos ideias sobre as quais realmente acreditamos - por exemplo, que vale a pena ouvir enquanto outra pessoa estiver falando. Ou que ficar muito tempo no chuveiro pode levar à falta de água para todos. Ou ainda que cada um é responsável por seus atos.”( Paulo de Camargo e Juliana Bernardino)
É através do exemplo e das ações diárias que se ensina e que se aprende. A interação social, a interação com o outro, na família, na escola e nos mais diversos contextos são formadores de opinião e de valores, então seja coerente em suas ações, observe e participe da vida de seu filho intensamente e sem resignações.