Por: Vanize Sampaio Guedes Carneiro
Atualmente, pais, psicólogos,
educadores, neuropsicólogos, neurologistas, psicopedagogos, fonoaudiólogos e,
principalmente, os educandos, convivem e deparam-se, de forma cada vez mais
frequente, com fenômenos que podem vir a comprometer o futuro escolar dos
alunos, se não diagnosticados e tratados brevemente, são as dificuldades de
aprendizagem e os transtornos específicos de aprendizagem.
Almeida e colaboradores
(1995), além de outros estudiosos, defendem uma diferenciação conceitual desses
dois termos. Para as autoras a conceituação do termo dificuldades de
aprendizagem tem origem nas interações entre os fatores relacionados às
características do indivíduo, ao núcleo familiar, à escola e ao meio social e
que são “decorrentes de uma constelação de fatores internos e/ou externos, de
ordem pessoal, familiar, emocional, pedagógica e social que só adquirem sentido
quando referidos à história das relações e interações do sujeito com seu meio,
inclusive, e sobretudo, o escolar” (Almeida & colaboradores, 1995; p.122),
já os Transtornos Específicos de
Aprendizagem relacionam-se às disfunções do desenvolvimento neurocognitivo
envolvidas no ato de aprender (Butterworth & Kovas, 2013); vê-se dessa
forma que estes e outros teóricos destacam diferenciações percebendo um como
mais extrínseco ao indivíduo e decorrente de falhas pedagógicas e/ou fatores
socioculturais e o outro como mais intrínseco, porém ambos demandam tratamento
especializado para suas manifestações.
Segundo
especialistas, os transtornos Específicos de aprendizagem mais comuns são: a
Dislexia do Desenvolvimento (DL), a Discalculia do Desenvolvimento (DD) e a
Disgrafia do Desenvolvimento, as quais podem ocorrer isoladamente ou combinadas
entre si. Quando são satisfeitos os critérios para mais de um Transtorno
Específico da Aprendizagem (American Psychiatric Association [APA], 2013), constitui-se um Transtorno Misto de
Habilidades Escolares (F81.3; Organização Mundial da Saúde [OMS], 1993), como é
o caso da Discalculia do Desenvolvimento combinada com dislexia (DDc).
A Dislexia do desenvolvimento é considerada um
transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, ou seja, um transtorno
neurológico de origem biológica que se manifesta na dificuldade de aprendizagem
e problemas na aquisição de habilidades acadêmicas acentuadamente abaixo do
nível da idade,
caracterizado por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da
palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades
normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são
inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas (Definição
adotada pela IDA – International Dyslexia Association, em 2002). Assim, é
notadamente perceptível na criança com dislexia, que a capacidade de
compreensão da leitura, o reconhecimento das palavras, a leitura oral, e o
desempenho de tarefas que necessitam da leitura podem estar todas
comprometidas.
Geralmente esse transtorno se
manifesta nos primeiros anos escolares, não é atribuído à deficiência
intelectual, a transtornos do desenvolvimento, ou a deficiência neurológica ou
distúrbios motores com prejuízos específicos na precisão de leitura de
palavras, fluência e compreensão na leitura (APA, 2013). Alguns dos
principais sinais observáveis em crianças, pré-escolares, que apresentam
dislexia são a dispersão,
um fraco desenvolvimento da atenção, atrasos do desenvolvimento da fala e da
linguagem, dificuldades de aprender rimas e canções, um fraco desenvolvimento
da coordenação motora, dificuldades em montar quebra-cabeças e falta de
interesse por livros impressos, já em crianças com idade escolar é possível se observar
sinais, como, as dificuldades na aquisição e automação da leitura e da escrita,
pobreza no conhecimento de rimas (sons iguais no final das palavras) e
aliteração (sons iguais no início das palavras), desatenção e dispersão, dificuldades
em copiar de livros e da lousa, dificuldades na coordenação motora fina
(letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa (ginástica, dança etc.), desorganização
geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus
pertences, confusão para nomear entre esquerda e direita, dificuldade em
manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, etc. e um vocabulário pobre,
com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas.
Um diagnóstico breve, geralmente realizado por
múltiplos profissionais, e uma intervenção precoce são importantíssimos para
que estas crianças consigam se desenvolver bem cognitivamente e possam adquirir
um bom aprendizado, desde os primeiros anos escolares. Segundo Neves & Araújo,
2006, estudos comprovam que crianças com transtornos e dificuldade de
aprendizagem possuem bom potencial intelectual apesar de manifestarem problemas
em algumas aquisições cognitivas, o que diferencia seus estilos e ritmos de
aprendizagem, e que exigem diferentes recursos e estratégias pedagógicas que
atendam às suas necessidades específicas. Porém em função destas questões ou
condições ligadas às dificuldades de aprender muitas crianças acabam se
convencendo que não aprenderão, apesar de seus esforços, e que tenderão ao
fracasso escolar. Esta questão, afirma Neves & Araújo, 2006, leva a implicações
no seu autoconceito e em todo o arsenal de expectativas de desenvolvimento do “eu” podendo gerar desequilíbrios
emocionais que afetam não só processos psicológicos básicos da aprendizagem
como a personalidade global da criança. Então, se conheces alguma criança que tem estes
sintomas procure ajuda o mais breve possível. Profissionais, como psicólogos,
neuropsicólogos, neurologistas e fonoaudiólogos, podem ajudá-lo.
Publicidade
Filomena Tend Tudo, breve em Nova Cruz